domingo, 23 de dezembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Pequena demais... (Mq 5,1-4a)

     Quando os magos do Oriente surgiram inesperadamente no palácio do Rei Herodes e pediram informações a respeito do “rei que acabara de nascer” (Mt 2,2), foram consultados os sacerdotes e os escribas, que tinham na ponta da língua a resposta sobre o local onde haveria de nascer o Messias prometido: “Em Belém da Judeia”. E calçaram sua resposta com a citação do profeta Miqueias: “E tu, Belém, terra de Judá, não és decerto pequena demais para ser contada entre os clãs de Judá: pois é de ti que sairá o chefe que apascentará Israel, meu povo.” (Mq 5,1) 
     Infeliz Belém, cujas mães iriam chorar a chacina ordenada por Herodes, com o massacre de todas as crianças na idade de dois anos para baixo! Exatamente os “santos inocentes” que a Igreja sempre celebrou, verdadeiros protomártires, os primeiros a darem seu sangue inocente por causa do Cristo Senhor. 
     Em hebraico, Beth-Lehem (daí, Belém) significa “a casa do pão”. Nenhum nome seria mais apropriado para designar o lugar de nascimento daquele que se apresentaria como o “pão de vida” (Jo 6,35). Belém era nada mais que humilde aglomerado de choupanas de pastores. Ali morava Jessé (ou Isaí), cujo caçula seria o Rei Davi. Gente sem nome e sem brasão, em uma aldeia que podia passar em branco nos recenseamentos. 
     Pois aí está a pedagogia de Deus, que sempre escolhe entre os humildes e rejeita o renome dos poderosos, tal como havia rejeitado, um por um, todos os irmãos mais velhos de Davi, por mais belos e fortes que eles fossem (cf. 1Sm 16,6ss). Aos olhos dos homens, Belém era “pequena demais”... Aos olhos de Deus, seria o berço do Verbo encarnado. Ali brilharia a estrela do Menino, diante dos olhos iluminados dos pobres pastores... 
     A História da Igreja repete a mesma melodia: mulheres do povo e homens sem láureas são escolhidos por Deus para cooperar com a salvação da humanidade. Sua abertura e obediência aos desígnios de Deus acabam por transformá-los em poderosos instrumentos da graça divina. 
     Neste Natal, o Senhor nos convida a aderir à sua obra de salvação dos homens. Ele bem sabe que nós somos pequenos. Pequenos demais, talvez. Mas é infinita a sua Graça... 
     Orai sem cessar: “Senhor, tu nos farás viver!” (Sl 80,19) 
     Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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