terça-feira, 25 de dezembro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Paz na Terra! (Lc 2,1-14)

      Em 1994, o povo de Ruanda se viu mergulhado em sangrenta guerra civil, com a nação dividida entre as duas etnias dos hutus e dos tutsis. O genocídio deixou um milhão de mortos e milhões de refugiados em territórios vizinhos. Nesse clima de horror, a comunidade local do Foyer de Charité precisou de se refugiar fora do país, até que a violência amainasse. Naquela pequena comunidade, viviam fraternalmente membros das duas etnias. Sua fraternidade acendeu ódios dos dois lados em conflito: era inconcebível, para uns e para outros, que hutus e tutsis convivessem em paz. 
     Eis a lição fundamental do nascimento de Jesus Cristo no Natal: a paz é possível entre aqueles que se sentem amados por Deus. E mais: todos os que reconhecem a Jesus como seu Salvador, tornam-se irmãos de quem fez a mesma experiência. Cristo se torna a ponte que une e reconcilia, acima e além de qualquer tipo de barreira humana: sociais, econômicas, étnicas ou culturais. 
     O hino entoado pelos anjos nas Campinas de Belém falava de duas realidades do Natal: a gloria (para Deus) e a paz (para os homens). Pena que a palavra “paz” tenha sido tão deturpada! Para os romanos, a “paz” consistia em sufocar toda rebelião nas províncias do Império. Para os governos atuais, a paz pode ser confundida com o silêncio dos deserdados do sistema. 
     Mas o cristão sabe que a verdadeira é paz é dom de Deus e não será conquistada pelas armas nem por acordos comerciais. Por isso mesmo, pedimos em cada missa: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz!” Esta prece é dirigida ao mesmo Jesus que, ressuscitado, entrou no salão onde os discípulos estavam trancados e lhes disse: “A paz esteja convosco!” Aquele mesmo sobre quem Paulo escrevia aos cristãos de Éfeso: “Por que Ele é a nossa paz, Ele que de dois povos fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava.” (Ef 2,14.) 
     Aprendemos que o verdadeiro “shalom” não significa a ausência de crises e conflitos, a falta de tiros nas ruas ou de agressões dentro do lar. A paz não é ausência, mas “presença”: a presença do Senhor no meio de seu povo. 
     Mais uma vez, a noite de Natal vem lembrar a todos que a paz está ao nosso alcance. E poderemos experimentá-la em plenitude ao acolher amorosamente o Menino que veio a nós. Mesmo que ele esteja vestido com o disfarce dos mais pobres deste mundo... 
     Orai sem cessar: “O Senhor abençoará seu povo, dando-lhe a paz!” (Sl 29,11) 
     Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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