Vinde e vede! (Jo 1,35-42)
Este duplo
imperativo veio em resposta a uma pergunta de André e João: “Mestre, onde
moras?” A resposta deixa claro que nada substitui a experiência do convívio, do
encontro pessoal: “Vinde e vede!” De nada serviria aos dois futuros discípulos
receber um manual descritivo ou o “curriculum
vitae” de Jesus de Nazaré. Só a proximidade do dia-a-dia poderia criar
vínculos definitivos entre o Mestre e os discípulos.
Em sua Carta
apostólica “Porta Fidei” [A Porta da
Fé], de outubro de 2011, propondo a toda a Igreja o “Ano da Fé”, cujo
encerramento ocorrerá em novembro de 2013, o Papa Bento XVI afirmava: “Desde o
princípio de meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de
redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a
alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo”. (PF, 2)
Mais
adiante, ao considerar que a própria razão humana traz inscrita em si mesma a
exigência “daquilo que vale e permanece sempre”, Bento XVI acentuava que “esta
exigência constitui um convite permanente, inscrito indelevelmente no coração
humano, para caminhar ao encontro d’Aquele que não teríamos procurado se Ele
mesmo não tivesse já vindo ao nosso encontro”. (PF, 10)
E aqui penso
estar a grave falha dos pais, catequistas e pregadores de nosso tempo, quando
falam sobre Jesus Cristo, mas não promovem nem facilitam esse encontro pessoal
de suas ovelhas com o próprio Jesus. De que adiantam lições doutrinais e teses
teológicas, cursos inteiros de catequese para pessoas que ainda não tiveram seu
encontro pessoal com o Salvador?
Vejo o mesmo
equívoco nas letras de cânticos para as celebrações, com verdadeiros discursos
sobre as verdades da fé, mas sem a coragem de chamar a Deus de TU. Ou seja,
cânticos que não são preces, mas tratados abstratos. São dirigidos ao
intelecto, mas ignoram o coração dos fiéis.
Neste
Evangelho, com duas palavras, Jesus convida os futuros discípulos ao convívio
diário, à intimidade com o Mestre. São Marcos chega a dizer que só foram
chamados – por enquanto – para “estar” com Jesus (cf. Mc 3,14). Ali bem perto,
observariam as palavras e os gestos do Mestre; uma vez apaixonados por ele,
todo o resto – inclusive a missão – seria mera consequência.
Em muitas
paróquias do Brasil, os jovens estão ausentes. Como explicar essa ausência?
Será que falta ali um repertório musical mais animado? Ou, antes, falta alguém
que os leve ao encontro de Jesus Cristo, de modo que possam vê-lo e por ele se
apaixonar?
Onde
encontraremos um Dom Bosco para nossos dias? Onde estará a nova Chiara Lubich?
Orai sem cessar: “Senhor,
gosto da casa onde moras!” (Sl 26,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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