O filho do carpinteiro? (Mt 13,54-58)
O Filho de Deus veio ao mundo e, ao
assumir nossa carne, foi conhecido como o filho de um trabalhador braçal. Ele
mesmo foi aprendiz na oficina de seu pai nutrício.
Na festa de São José Operário,
transcrevo para você um trecho de meu livro “José de Nazaré” [Ed. O Lutador,
Belo Horizonte, 1995].
“Que coisa! A Redenção inclui
trabalho. Cansaço e suor. Horários e disciplina. Ferramentas e materiais. Sem o
exemplo de José, quem sabe, nós nos confundiríamos com anjos, alados, etéreos
e... desencarnados. Contemplando José e sua faina diária, humilde mas
constante, podemos nos levantar cada dia prontos e disponíveis para retomar a
edificação do Reino. Reino feito de famílias e de igrejas familiares, onde
podemos ser, alternadamente, pais e filhos: José, Maria e Jesus...
E é trabalhando que se cresce!
Indivíduos e grupos, fiéis e comunidades de fiéis, todos só crescemos à medida
que nos dedicamos a uma missão. E, ao longo da missão, somos corrigidos,
podados, educados pelo Espírito Santo Paráclito.
Quando São Bento escolheu a divisa
para seus monges - ORA ET LABORA: reza e trabalha -, ele sabia muito bem até
que ponto nossa santificação depende do trabalho, pois o trabalho impede que
nossa oração seja fuga. O trabalho nos mergulha no universo encarnado dos
homens, o mesmo universo no qual entrou o Messias prometido.
Sem o trabalho, todo o potencial
humano-divino que Deus dispôs para nós ficaria como uma semente não-semeada,
uma virtualidade jamais atualizada, promessa jamais cumprida. Ao contrário, se
nos entregamos ao trabalho, “sofremos” um processo gradativo de formação e de
transformação.
Para nosso próprio espanto,
descobrimos em nós mesmos enormes reservas de força e de criatividade. Esta descoberta
nos conduzirá à ação de graças e ao louvor de Deus, autor de nossa vida, de
nossa pessoa, de nosso destino.
Trabalhar. E, trabalhando, tecer
pontes entre os homens, minorar seus sofrimentos e angústias, encaminhá-los a
Deus. Permitir que descubram, pouco a pouco, o sentido profundo de sua própria
existência.”
Orai sem
cessar: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também
trabalho.” (Jo 5,17)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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