Guardará minha Palavra... (Jo 14,23-29)
Entre os
judeus – e Jesus era um deles, é bom lembrar... -, o verbo “guardar” tem
ressonâncias muito especiais. No vocabulário técnico da tradição rabínica,
“receber”, “guardar” e “transmitir” eram os verbos reveladores do homem justo e
fiel. O grande dom de Deus ao povo escolhido era a Torah, a Lei intermediada
por Moisés no Sinai. O israelita fiel se orientava por ela, recebendo a Lei,
guardando-a e transmitindo com integridade, sem lhe alterar sequer um iode,
a menor de todas as letras.
Trazendo
tudo isto para nosso tempo, diríamos que a virtude em questão é a obediência.
Esta palavra, de origem latina, significa um ob-audiência, ou seja, a
atitude de quem fica de frente para quem está falando, pronto a lhe obedecer.
Assim como o filho que ouve as ordens e conselhos do pai.
Neste
Evangelho, Jesus associa a obediência ao amor. Começa por dizer que o Pai amará
quem acolhe fielmente a Palavra dele, manifestada por Jesus. Isto é, a
obediência suscita o amor. Mas o Mestre acrescenta: “Quem não me ama não guarda
as minhas palavras”, o que deixa claro que é por amor que alguém se vê motivado
a obedecer. O filho obedece ao Pai porque o ama. O tão esquecido “temor de
Deus” – dom do Espírito Santo – não significa outra coisa, a não ser isto: “A
última coisa que desejo neste mundo é entristecer meu Pai, que tanto me ama.
Minha obediência é minha resposta de amor a quem me ama assim!”
Vivemos um
tempo de rebeldia. Poucos desejam obedecer. Mesmo nos Institutos de vida
consagrada, a obediência foi a tal ponto atenuada e reduzida, em nome da
responsabilidade e da liberdade de consciência, que acontecem arrepios quando
falamos do carisma de nossa querida Comunidade Católica Nova Aliança:
“obediência incondicional e amorosa à Igreja”.
- “À
Igreja?!” – estranhou uma freira, fazendo careta. “Nós devemos obedecer é a
Deus!” Como se fosse possível obedecer a Deus, a quem não vemos, sem obedecer à
Igreja, que fala em nome de Deus...
A marca
registrada dos santos não foi o milagre, os dons excepcionais ou as
experiências místicas. Tudo isto, se aconteceu, veio como consequência de uma
vida inteiramente submetida à vontade de Deus.
Como anda
nossa obediência à voz de Deus que fala pela Igreja?
Orai sem cessar: “No meu coração conservo as tuas ordens, Senhor!” (Sl 119,11)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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