Não
toques trombeta!
(Mt 6,1-6.16-18)

A mãe de um amigo meu morava em uma
pequena cidade do interior de Minas. O marido tinha um pequeno comércio, ou
melhor, uma “venda”, como se dizia naqueles tempos. Toda manhã, discretamente,
escondida do marido (ou ele fazia vista grossa?), a senhora pegava uma bolsa
com dois ou três quilos de mantimentos e visitava uma família pobre. Somente
após sua morte, veio à tona a sua caridade. E todos compreenderam por que
motivo metade da cidadezinha era composta de afilhados e afilhadas daquele
casal. Até Jesus Cristo aplaudiria esse tipo de caridade.
A caridade cristã não tem nada a ver
com filantropia. Os filantropos e clubes de serviço não sabem fazer o bem sem
anexar rumorosa propaganda: vejam só o que estamos fazendo! Das obras dos
políticos, nem se fale! A placa chega a ser maior que a obra executada! Para
nós, Jesus propõe um caminho de vida interior, sem máscaras e purpurinas. O Pai
vê o que é secreto e nos recompensará por nossos gestos de amor. Ao contrário,
se damos um jeitinho de aparecer aos olhos dos homens, “já recebemos nossa
recompensa”, isto é: nossa goiaba já nasceu bichada!
Teresa de Calcutá, lembrando a
infância, conta que em sua casa, na Albânia, muitas vezes havia pessoas
estranhas à mesa. Quando perguntava quem eram elas, a mãe respondia: “São
parentes nossos que moram longe daqui”. Na verdade, eram pobres sem recursos,
que passavam por lá, refugiando-se da guerra. A mesma mamãe ensinaria à pequena
Teresa: “Se você fizer alguma caridade, que ninguém o perceba!”
Jesus fala concretamente do jejum e
da oração, práticas louváveis que devem ser igualmente discretas. Deus aprecia
a simplicidade. Mas deve tapar os ouvidos para não ouvir certas orações que
fazemos, cheias de palavras eruditas, altissonantes, mas sem nenhuma
ressonância interior... Puro exibicionismo! É preciso muito cuidado com a
moderna tentação de promover a Igreja, vocações e Institutos através dos meios
da sociedade pagã, como táticas de marketing
e propaganda. Não precisamos de nada disso. Precisamos de santos.
Daí o conselho de Jesus: rezar em
segredo, no quarto, onde apenas os olhos do Pai estão voltados para nós.
Certamente, ali será mais sincera a nossa oração...
Orai sem cessar: “Como a criança no seio materno, como tal criança
são meus desejos.” (Sl
131,2)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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