quarta-feira, 19 de junho de 2013

PALAVRA DE VIDA

Não toques trombeta! (Mt 6,1-6.16-18)
  Calma! Jesus não tem nada contra os trombonistas! Apenas usa uma expressão figurada para nos ensinar a discrição até no fazer o bem. Podemos estragar uma ação boa com o nosso exibicionismo. Dizem que os fariseus, ao lançar as moedas nos cofres do templo, deixavam que elas caíssem bem do alto: assim, com seu tilintar, todos olhariam naquela direção e veriam a cara do piedoso doador. Pois, sim...
    A mãe de um amigo meu morava em uma pequena cidade do interior de Minas. O marido tinha um pequeno comércio, ou melhor, uma “venda”, como se dizia naqueles tempos. Toda manhã, discretamente, escondida do marido (ou ele fazia vista grossa?), a senhora pegava uma bolsa com dois ou três quilos de mantimentos e visitava uma família pobre. Somente após sua morte, veio à tona a sua caridade. E todos compreenderam por que motivo metade da cidadezinha era composta de afilhados e afilhadas daquele casal. Até Jesus Cristo aplaudiria esse tipo de caridade.
            A caridade cristã não tem nada a ver com filantropia. Os filantropos e clubes de serviço não sabem fazer o bem sem anexar rumorosa propaganda: vejam só o que estamos fazendo! Das obras dos políticos, nem se fale! A placa chega a ser maior que a obra executada! Para nós, Jesus propõe um caminho de vida interior, sem máscaras e purpurinas. O Pai vê o que é secreto e nos recompensará por nossos gestos de amor. Ao contrário, se damos um jeitinho de aparecer aos olhos dos homens, “já recebemos nossa recompensa”, isto é: nossa goiaba já nasceu bichada!
            Teresa de Calcutá, lembrando a infância, conta que em sua casa, na Albânia, muitas vezes havia pessoas estranhas à mesa. Quando perguntava quem eram elas, a mãe respondia: “São parentes nossos que moram longe daqui”. Na verdade, eram pobres sem recursos, que passavam por lá, refugiando-se da guerra. A mesma mamãe ensinaria à pequena Teresa: “Se você fizer alguma caridade, que ninguém o perceba!”
            Jesus fala concretamente do jejum e da oração, práticas louváveis que devem ser igualmente discretas. Deus aprecia a simplicidade. Mas deve tapar os ouvidos para não ouvir certas orações que fazemos, cheias de palavras eruditas, altissonantes, mas sem nenhuma ressonância interior... Puro exibicionismo! É preciso muito cuidado com a moderna tentação de promover a Igreja, vocações e Institutos através dos meios da sociedade pagã, como táticas de marketing e propaganda. Não precisamos de nada disso. Precisamos de santos.
            Daí o conselho de Jesus: rezar em segredo, no quarto, onde apenas os olhos do Pai estão voltados para nós. Certamente, ali será mais sincera a nossa oração...
Orai sem cessar: “Como a criança no seio materno, como tal criança são meus desejos.” (Sl 131,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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