Onde
o tesouro, aí o coração...
(Mt 6,19-23)

No Evangelho da liturgia de hoje,
Jesus aponta para o caráter efêmero, transitório e, por isso mesmo, relativo
dos bens deste mundo. Você junta um tesouro e pode perdê-lo para o cupim (que
rói) ou para o ladrão (que rouba). Quantas vezes uma mulher juntou moeda por
moeda e, enfim, conseguiu comprar o vestido fino (e caro!) que ocupava os seus
sonhos. Pouco depois, ao abrir o guarda-roupa, vê que as traças operosas fizeram
um rendilhado no seu “tesouro”!
Claro que Jesus Cristo não estava
preocupado com nossos eventuais prejuízos materiais! Ele lamenta apenas que a humana
loucura acabe por orientar nossa vida para a acumulação de valores completamente
relativos e, em consequência, deixemos de lado ou em segundo plano o valor
absoluto, que é o amor do Pai. “Porque onde está o teu tesouro, aí está o teu
coração.” (Mt 6,21)
O tesouro pode ser um diploma
sonhado. Pode ser o “marido ideal”. Pode ser um simples bichinho de pelúcia,
sem o qual a noite se transforma em pesadelo. E como Deus nos quer livres e
espiritualmente maduros, sempre usará da pedagogia de nos levar a perder o
“tesouro” (com minúscula), tentando abrir nossos olhos - e nosso coração! -
para o Tesouro (com maiúscula)...
Jesus faz referência a um tal “olho
doente”, que pode cobrir de trevas toda a nossa pessoa. O Apóstolo João fala da
“concupiscência dos olhos” (1Jo 2,16), que atrai nossa atenção para os
brilharecos deste mundo e nos distrai do Senhor. E não deixa de ser trágico
gastar toda a vida para acumular aquilo que não poderemos levar para a
eternidade: casas, terras, dinheiro, carros, sucesso...
Lembram-se do jovem rico que
desejava seguir a Jesus? Ele era bom e justo, mas visivelmente apegado a sua
herança. Esse apego iria impedi-lo de dar o grande passo de sua vida, seguindo
a voz interior. Desde o início de sua caminhada espiritual, a Igreja descobriu
que o seguimento fiel a Jesus exigia o amor à vida sóbria e à simplicidade, de
onde nasceu o voto de pobreza. Uma simples troca de amores...
E quanto a nós? Onde está o nosso
tesouro? Onde ancoramos o nosso coração?
Orai sem cessar: “Se vos possuo, nada mais me atrai na terra!” (Sl
73,25b)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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