Dai de graça... (Mt 10,7-15)

Igual
maldição há de merecer aquele que “usa” o Evangelho e a religião com a intenção
de acumular fortuna, explorando impiedosamente a inocência ou a ignorância do
povo simples. A exemplo do Mestre, seus seguidores vivem vida simples e sóbria.
Mesmo quando dotados de dons extraordinários (como o dom de curar enfermos do
Pe. Emiliano Tardiff), o homem de Deus jamais fará negócio com tais poderes.
Mas há
muitos “dons naturais” que nos foram concedidos e que devemos partilhar com
nossos irmãos. Podem ser conhecimentos, habilidades, pendores artísticos e –
por que não? – força muscular: tudo pode ser orientado para o bem de nossos
irmãos, para o enriquecimento da comunidade humana.
É conhecido
o exemplo de George Washington Carver, filho de escravos nos EUA, que recusou
um alto salário no laboratório de Thomas Edison, preferindo exercer o seu
humilde trabalho de professor em uma escola rural, onde ensinava as famílias
pobres a utilizar melhor os recursos de suas terras. Ainda que exímio músico e
pintor de qualidade, Carver morreu pobre e solteiro, pois sabia que seria
difícil encontrar uma esposa que adotasse o seu estilo de vida tão despojado.
Em um mundo
como o nosso, capitalista e contabilizado, onde escasseiam a dedicação e o
altruísmo desinteressado, mesmo em atividades como a medicina, o magistério e o
sacerdócio, Jesus nos chama a viver para nossos irmãos, multiplicando entre
eles o amor que Deus nos dá de graça.
Recentemente,
o “testamento” de João Paulo II revelou ao mundo o seu notável espírito de
pobreza. Alguns anos atrás, Madre Teresa de Calcutá visitara São Paulo,
trazendo como bagagem uma única muda de roupa e uma pequena bacia, dentro de
uma caixa de biscoitos amarrada com um cordão de persiana. O desprendimento e a
sobriedade de quem segue a Jesus dão o feliz testemunho da profunda liberdade
espiritual que o Espírito de Deus pode infundir em nós.
Estamos
preocupados em acumular? Ou em partilhar?
Orai sem cessar: “O Senhor é meu pastor. Nada me falta.” (Sl 23,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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