Minha mãe e meus irmãos... (Mt 12,46-50)

Não
admira que, ao longo da História, a opção por Cristo e sua Igreja tenha muitas
vezes provocado rupturas definitivas entre os membros da mesma família,
confirmando a frase de Jesus, em que ele se apresentava como a espada que
separa. Lembrar o jovem Francisco de Assis e seu pai, quando este, comerciante,
optava pelo acúmulo de bens, enquanto o filho desposava a Pobreza evangélica.
Neste
Evangelho, contudo, se uma leitura epidérmica parece entender que Jesus rejeita
Maria, sua mãe, outra leitura, mais atenta e profunda, verá que se trata, ao
contrário de um elogio para ela. Quando Jesus afirma que sua verdadeira mãe e
seus verdadeiros irmãos são aqueles que fazem a vontade de seu Pai, longe de
excluir Maria, ele realça o verdadeiro motivo de sua filiação.
Afinal,
na Anunciação, ao se dizer simples escrava do Senhor [ancilla Domini],
pronta a aderir ao desígnio divino para sua vida, Maria se tornava o modelo
daqueles que “ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”. E em grau tão
elevado, a ponto de gerar na carne dos mortais o próprio Verbo-Palavra de Deus.
Para
Hébert Roux, “as palavras de Jesus nesta circunstância deixam compreender
claramente que, para ele, não há nenhuma medida comum entre a carne e o sangue,
por um lado, e o Reino dos céus, por outro. Ele não pretende aniquilar os laços
naturais entre os homens, nem está em questão extrair desta declaração uma
palavra anti-humana, destruidora dos vínculos naturais da família”.
De
fato, quem não nascer para uma vida nova no Espírito jamais penetrará nos
mistérios do Reino. As mães que entregam seus filhos como sacerdotes,
religiosos e missionários, sabem muito bem que existem vínculos mais fortes que
as ligações do sangue...
Estamos
prontos a fazer a vontade de Deus?
Orai sem cessar: “Importa obedecer antes a Deus que aos homens!” (At 5,29)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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