Segue-me! (Mt 9,9-13)
Como
se vê pelo chamado feito ao publicano Levi-Mateus, Jesus Cristo não costuma
exigir atestado de bons antecedentes aos futuros servidores do Evangelho.
Parece que ele confia menos na honestidade dos homens, e aposta mais na
disposição para servir...
De
fato, ele não nos chama porque somos bons, mas porque Ele é bom. Ao ver Levi em
seu telônio – a banca em que cobrava impostos aos próprios compatriotas,
durante a dominação romana -, Jesus não o vê tanto com os olhos da carne, mas
com um olhar penetrante que vê o coração. Jesus percebe que o coração está
vazio de amor, vazio de sentido. A fortuna acumulada com a extorsão e as
falcatruas não faz ninguém feliz.
Ao
primeiro chamado, Mateus-Levi se ergue e abandona as moedas empilhadas em sua
banca. Conforme comenta Beda, o Venerável [+735], não há nada de espantoso no
fato de que o publicano abandonasse sua busca de lucros materiais e, negligenciando
os bens temporais, tenha aderido tão prontamente Àquele que se mostrava
desprendido de toda riqueza. É que o Senhor – observa S. Beda -, ao chamá-lo do
exterior por sua palavra, tocava-o no mais íntimo de sua alma, e ali derramava
a luz da graça espiritual para que o seguisse.
Tudo
é dom. Se o chamado é dom não merecido, também o nosso seguimento é dom. Jamais
seguiríamos Jesus se ele mesmo não preparasse nosso coração para dizer o sim...
Nós não somos heróis, somos apaixonados...
Os
honestos costumam estranhar quando Deus chama por um pecador. Como se o próprio
Jesus não nos tivesse alertado: “Não vim para os justos, mas para os
pecadores”. (Mt 9,13.) E o resultado dessa duvidosa vocação logo se faz notar:
“Como Jesus estivesse à mesa de Mateus, numerosos publicanos e pecadores vieram
tomar lugar com Ele e seus discípulos”. Isto é, bastou a conversão de um só
pecador para abrir-se a via da penitência e do perdão a muitos que andavam
longe...
Parece
que os honestos não entendem a tática de Jesus. Ao contrário, eles tentam
esforçadamente cristalizar o criminoso em seu crime, pregando-lhe na fronte um
rótulo indelével. Se o criminoso entrar no templo, certamente ouviremos um
murmúrio de espanto e reprovação.
No
céu é diferente: os anjos se alegram e exaltam a misericórdia de Deus!
Orai sem cessar: “O Senhor é bom, eterna é
a sua misericórdia!” (Sl 100,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.
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