sábado, 17 de agosto de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Deixai vir a mim as criancinhas! (Mt 19,13-15)
            Este é um dos imperativos de Jesus a seus discípulos. Entre outras qualidades, ressalta a “modernidade de Jesus”, seu caráter inovador para a época. Com certeza, seus discípulos devem ter ficado surpresos com a atitude do Mestre. Sim, em outros tempos, a criança ainda não fora reconhecida como “pessoa”. Era, no máximo, um “homúnculo” – um futuro homem, um projeto de pessoa. Em certas civilizações, após o nascimento de um bebê, cabia ao pai decidir se a criança deveria viver, ou não.
            Foi apenas no papado de S. Pio X (1903-1914) que as crianças tiveram autorização para comungar. Mesmo nos anos 50, no Brasil, o mundo dos adultos era praticamente inacessível à criança. “Criança não dá palpite! Isto não é assunto de criança” – verberavam os adultos. Por isso mesmo, é admirável que Jesus proteja os pequeninos da irritabilidade dos adultos. Mas não se trata de simples afetividade ou simpatia: Jesus vê realmente a criança como pessoa. Também a elas se dirige o Evangelho. Também elas têm direito à evangelização.
            Jesus não endossaria certas afirmações tão corriqueiras entre nós: “criança dá trabalho / criança é um problema / adolescentes são aborrecentes / Deus me livre de mais um filho!...” Filho muito amado por Maria e José, Jesus sabia do inestimável valor de um lar simples, mas cheio de amor... O ambiente de sua família permitira que ele crescesse em estatura, sabedoria e graça (cf. Lc 2, 52). Em suma, Jesus sabia que a criança tem valor.
            Hoje, para nós, que significa “deixar que as crianças vão a Jesus”? Sem dúvida, significa considerar como prioridade da família e da Igreja o batismo das crianças, sua catequese e iniciação para a vida sacramental. Significa também que o aborto é crime inominável, pois impede que venham à vida novos adoradores do Pai. Significa que pais e professores carregam sobre os ombros uma séria responsabilidade diante de Deus. Significa ainda que governantes são instrumentos de Deus junto à infância. Sua omissão certamente terá um preço...
            Mais uma vez, nosso olhar deve voltar-se para o admirável exemplo dos santos. Eles jamais fecharam os olhos para os pequeninos. Lembremos os santos que fundaram escolas e institutos destinados a educar as crianças, como José de Calasanz, Paula Montal, Joana de Lestonnac, Dom Bosco, Dom Orione e tantos outros. Mesmo em sociedades ásperas e indiferentes, o seu diligente amor pela criança irradiava o mesmo amor de Cristo pelos pequenos.
            As crianças estão bem perto de nós? Vamos levá-las até Jesus?

Orai sem cessar: “Virei em socorro de minhas ovelhas!” (Ez 34,22)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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