Os
primeiros serão os últimos! (Mt 19,23-30)
Quem é o Primeiro? Só pode ser o
próprio Jesus Cristo, pois, como escreve o evangelista João, “no princípio era
o Verbo”. Primeiro, sim, pois anterior a tudo. Anterior até mesmo à criação do
universo! Nada existia, e ele era. E mais: “Nada foi feito sem Ele”. (Cf. Jo 1,3)
Ora,
exatamente Ele, o Senhor do Universo – que era o primeiro – fez-se o último de
todos, ocupando em definitivo o lugar mais baixo que se possa encontrar. O
apóstolo Paulo descreve seu rebaixamento voluntário: “Sendo ele de condição
divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si
mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E sendo
exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se
obediente até a morte, e morte de cruz”. (Fl 2,6-8)
Charles
de Foucauld, o santo do deserto marroquino que inspirou o Século XX, também nos
recorda essa “descida” de Jesus que tantos preferem esquecer: “Toda a sua vida,
ele não fez outra coisa a não ser descer: descer ao se encarnar, descer ao se
fazer criancinha, descer ao obedecer, descer ao se fazer pobre, abandonado,
perseguido, supliciado, descer ao se pôr no último lugar”.
É
óbvio que esse caminho incomoda, choca, colide com todos os ideais do mundo do
capital e do consumo, da glória e do poder. Sempre haverá alguém tentando
acomodar as exigências do Evangelho às comodidades do sistema. Toda proposta de
rebaixamento e humilhação será sempre rotulada de insensatez, mesmo ao preço de
ignorar o drama vivido no Calvário.
Mas a voz
de S. Inácio de Loyola nos adverte: “Para imitar mais de perto a Cristo, nosso
Senhor, e para ser de fato mais semelhante a Ele, eu quero e escolho a pobreza
com o Cristo pobre, de preferência à riqueza; os opróbrios com o Cristo
carregado de opróbrios, de preferência às honras. Eu desejo passar por um
zé-ninguém e passar por louco pelo Cristo, que foi o primeiro a passar como
tal, antes que ser julgado um homem sábio e prudente neste mundo”. (3º grau de
humildade)
Enfim,
quem nos propõe o último lugar é exatamente Jesus, que assim fez na prática.
Sendo Deus, se faz homem. Sendo homem, se faz servo, lavando os pés dos
discípulos. Desce mais, e morre na cruz como um escravo. Desce ao túmulo. Desce
à mansão dos mortos. E, quando parece que esgotou todas as descidas... desce ao
altar, sob a forma de pão. Trigo moído, amassado, assado. Tudo para ser nosso
alimento...
Aceitaremos
descer com Jesus?
Orai sem cessar: “Jesus,
manso e humilde de coração,
fazei
o meu coração semelhante ao vosso!”
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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