domingo, 4 de agosto de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Guardai-vos de toda cobiça! (Lc 12,13-21)
            “A posse nos faz possessos.” É a pura verdade. Os bens possuídos acabam por possuir o possuidor. Exigem todo o seu tempo. Tornam-se o centro de suas atenções. Em resumo, uma autêntica escravidão... A questão de fundo é a dependência. Todos sabem o que acontece quando um homem se torna dependente do álcool: a degradação física e moral, a perda dos amigos e da família, a impossibilidade de trabalhar e de ser útil. Dominado pelo álcool, o dependente perde sua liberdade, sua volição.

            Ora, há também uma forma de dependência em relação ao dinheiro, aos bens materiais. Nesta situação, a pessoa vive como se dependesse desses bens. Crê que sua segurança e seu futuro estão neles fundamentados. Assim, o dinheiro passa a ser um ídolo, ocupando o pedestal que só caberia a Deus. Um caso de idolatria.
O pior, porém, é que a cobiça é insaciável, não se detém no meio do caminho. Vazio de Deus, o coração humano vai buscar sempre mais, na insana tentativa de encher seu poço interior com outra coisa que não seja o próprio Deus – o Único que preenche nossos vazios... A cobiça nos faz mesquinhos, fecha nossas mãos à caridade e à esmola. A cobiça nos leva a proceder como predadores, explorando os outros para nosso benefício. A cobiça nos pressiona a usurpar os bens dos outros.
            Tão grave é a cobiça, que o Decálogo reúne no mínimo cinco mandamentos a ela relacionados: não cobiçar a mulher do próximo, não cobiçar as coisas alheias, não roubar, não trabalhar no dia de repouso, não cometer adultério. (Cf. Dt 5,6ss.) Sim, é a cobiça pelo dinheiro que impede alguém de guardar o Dia do Senhor. É a cobiça sem freios que impele o adúltero a tomar posse de outra mulher, além da sua própria esposa: “tudo é meu, tudo me pertence, tenho direito a tudo e a todos!”
            Parece que no sistema capitalista a cobiça é considerada uma autêntica virtude: fala-se em gente ativa, competitiva, progressista, “locomotivas” da economia, para designar os empreendedores que fazem do lucro e da eficiência o seu único objetivo, mesmo ao preço do sangue e do suor da multidão. A voz de Cristo, no entanto, proclama bem-aventurados os pobres e adverte: “Ai dos ricos!” Deve ser por isso mesmo que o Evangelho e o capitalismo são incompatíveis...
            Procurando viver o Evangelho de Jesus, o cristão usa dos bens materiais sem a eles se escravizar. Reparte seus bens, pois somos todos irmãos. Jamais foge de quem lhe estende as mãos vazias. Agindo assim, imita o Pai do Céu, que dá tudo o que possui, sem nada cobrar em troca...

Orai sem cessar: “Israel, põe tua esperança no Senhor!” (Sl 130,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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