quinta-feira, 8 de agosto de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Isto não te acontecerá! (Mt 16,13-23)
          O apóstolo Simão Pedro, movido interiormente pelo Espírito Santo, acabara de reconhecer em Jesus o Filho de Deus, em admirável profissão de fé. Seu ministério apostólico na Igreja acabara de lhe ser revelado. Deve ter-se alegrado com a hipótese da primazia entre seus pares. Mas não está disposto a aceitar o anúncio da Paixão e Morte do Senhor. Daí, sua falsa profecia: “Isto não te acontecerá!”
    Ora, neste exato momento, Simão, a Pedra, escolhido para o alicerce, torna-se uma pedra de escândalo, aquele calhau que faz tropeçar e cair. Por isso mesmo, merecerá do Senhor o nome do adversário: Satã. Até então, devia alimentar projetos que não coincidiam com os desígnios de Deus. No inconsciente coletivo de Israel, pulsava o sonho de um Messias vencedor, que livrasse o povo do tacão romano. Natural que Pedro não fosse capaz de ver o sofrimento e a cruz como um caminho de salvação. Natural que preferisse a glória, aplausos e poder...
            Nós não somos diferentes. Por certo, temos repetido alguma vez em nosso íntimo: “Isto não ME acontecerá!” Bem ao nosso lado, o sofrimento campeia: desemprego, enfermidades, perseguições, violência, divórcios, traições... Ministros ausentes, missionários demissionários. Mas conosco será diferente, pensamos. “Eu não mereço uma cruz assim. Deus não vai fazer ISSO comigo!”
            Ora, Deus é bom Pai e sabe muito bem o que convém para nós. Ele sabe do notável potencial de salvação embutido na Cruz. Por isso mesmo, não desprezará a “pedagogia” da dor, capaz de reorientar a vida de quem foi deixando as coisas eternas nas últimas linhas de sua agenda. Assim, se for para o nosso bem, se for para nossa salvação, a Cruz logo baterá à nossa porta.
            E que bom se nos decidirmos a abraçá-la sem caretas e protestos indignados, tal como Jesus Cristo serenamente abraçou a sua! Que bom se nós pudermos dizer a Deus a mesma oração que Jesus dirigiu ao Pai em sua agonia: “Se possível, Pai, afasta de mim este cálice; mas não se faça a minha vontade e, sim, a tua...”
            Nesse dia, então, teremos alguma coisa para oferecer ao Senhor. Ao reconhecer a nossa vida como uma autêntica missa, e nossa pessoa como um altar sagrado, apresentaremos a nós mesmos como vítima espiritual (cf. Rm 12,1), uma hóstia agradável ao Pai, em união com o Filho, o Cordeiro imolado.
            Como nos temos comportado diante do sofrimento? Como temos recebido as pequenas cruzes que Deus nos apresenta?

Orai sem cessar: “Meu sacrifício, Senhor, é um espírito contrito!” (Sl 50,19)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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