São imutáveis nos séculos... (Sl
111 [110])
O
tempo passa. Os homens passam. Tudo passa. Só Deus não passa...
Compreende-se
a humana dificuldade quando se fala em eternidade. Mergulhado na história até a
raiz dos cabelos, o homem precisa da Luz divina para intuir que sua vida se
projeta além do limiar da morte, simples soleira para a casa do Pai.
Uma
visão fisicista de nós mesmos acabaria por reduzir-nos a um aglomerado de
carbono e fosfato de cálcio. Um desses materialistas definiu o homem como “tubo
digestivo pensante”. Outro quis reduzi-lo a um “macaco evoluído”. Mas não é
fácil defender estas teses.
Por
exemplo: o homem enterra seus mortos. Ali onde o arqueólogo encontra um túmulo,
ali viveram humanos. Eu disse humanos;
não, humanoides. Nenhum outro animal enterra seus mortos. Por que será? O que
motiva esse respeito (e até veneração!) pelos restos mortais de um semelhante?
O que levava os antigos egípcios a armazenar alimentos ao lado da urna
mortuária?
Essa
percepção – mesmo difusa, em algumas culturas – de que algo de “espiritual”
pulsava no íntimo do homem e não se extinguiria com a morte, é o indício de que
o eterno espera por nós.
Deus
é anterior ao tempo. Deus subsiste ao tempo, quando for enrolado o tapete da
História. E se Deus é eterno, também são imutáveis os seus preceitos e
decretos. A Tradição judeu-cristã acolheu essas verdades sobre Deus e sobre o
homem como um precioso depósito a ser ciosamente conservado, geração após
geração.
O
mundo pagão – incapaz do eterno em sua insaciável roda de um tempo sempre
recomeçado – está sempre pronto a jogar no lixo qualquer princípio moral, em
nome da prática ou do lucro. São esses pagãos que investem contra a Igreja
cristã quando esta defende a vida do embrião, o valor da família e a
indissolubilidade do matrimônio. Cegos para o eterno, veem como ultrapassado
aquilo que parece frear seus vícios e pulsões.
Enquanto
isso, Jesus Cristo, o Filho que o Pai nos enviou, garante com todas as letras:
“Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão!” (Mt 24,35) Na
mesma linha, o salmista cantava: “Tua justiça é justiça eterna, e verdade é a
tua Lei”. (Sl 119,142)
Escravo
da moda e dos modismos, caniço agitado pelo vento (Lc 7,24), o homem carnal não
conhece a estabilidade e a solidez de quem se apoia na Palavra eterna e
definitiva. Enquanto isso, nosso Deus, anterior a toda gênese e posterior a
todo apocalipse, contém em si mesmo o universo inteiro.
Orai sem cessar: “Com amor eterno eu te amei!” (Jr 31,3)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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