Subir à casa do Senhor... (Sl
122 [121])

Tal
era a importância da Cidade da Paz, que o povo de Israel se dividia em dois
grupos: aquele que subia para lá – o olah
– e os que desciam no regresso – os yordim.
Israel se vê, pois, como um povo “em movimento”.
Subir
é libertar-se. Na Bíblia, o verbo “subir” sugere variados sentidos. Chama-se
“subida” a libertação da escravidão no Êxodo: “Foi o Senhor que nos fez subir,
nós e nossos pais, do país do Egito, da casa da servidão”. (Jos 24,17) Livres,
podem subir à montanha e prestar culto a Yahweh.
E
aqui está outro sentido dessa subida: é a ascensão de uma montanha no sentido
espiritual. Assim como as nações pagãs adoravam seus ídolos nos “lugares
altos”, também Israel deve galgar as encostas do Monte Sião, até o Templo de
Jerusalém, para entrar na presença do Senhor e adorá-lo. A peregrinação
montanha acima já é um gesto de adoração. Na cadeia rochosa que é a espinha
dorsal da Palestina, Jerusalém situa-se em um dos pontos mais altos, a 800m de
altitude. O itinerário espiritual de Israel é uma jornada para o alto, em busca
do Altíssimo. “Subir” é alçar-se acima do mundo material, das ocupações comuns
e, claro, dos pecados de cada dia.
Já
em tempos cristãos, tornou-se costume erigir os templos em lugares elevados, de
modo que os olhares pudessem convergir para a “casa de Deus”. Numerosos
santuários surgiram no topo de elevações, como na Serra da Piedade (Caeté, MG)
e na Penha (Rio de Janeiro). No antigo Ordo
da missa, o sacerdote rezava aos pés do altar os versículos do salmista: “Envia
tua luz e tua verdade: elas me guiarão, levando-me ao teu monte santo, às tuas
moradas”. (Sl 43,3)
Na
apresentação do Salmo 122, Dom Marcos Barbosa, OSB, escrevia: “Este salmo,
usado na consagração das igrejas, é também aplicado à Virgem Maria, que é
Templo de Deus, Porta do Céu, Torre de Davi, Rainha da Paz, miniatura e
plenitude da Igreja”. (Bíblia Mensagem de
Deus, LEB-Loyola)
O
homem não foi criado para rastejar na planície, mas para subir a montanha...
Orai sem cessar: “Só uma coisa eu procuro: habitar na casa do
Senhor!” (Sl 27,4)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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