Insurgiram-se contra mim... (Sl 54 [53])
A
introdução deste Salmo registra que o poema-oração foi composto por Davi quando
se refugiara entre os zifeus (cf. 1Sm 23), os quais informaram Saul de sua
presença. Trata-se de uma dessas situações em que tudo parece perdido e só nos
resta a proteção divina. Assim se sentiu a Igreja de Cristo em diferentes
épocas e lugares, escolhida como alvo de poderosos inimigos.
Como
explicar esse ódio que escorre ao longo dos séculos, desde a pregação dos
primeiros apóstolos, quando judeus e pagãos rangiam os dentes, apanhavam pedras
ou arrastavam os cristãos até seus tribunais? Afinal, a pregação da Igreja não
era, em síntese, o anúncio de uma Boa Notícia para todos? Ora, o anúncio é uma
denúncia. A proposta do bem traz o mal ao sol. A luz combate as trevas. Quem
defende a vida ofende os mercadores da morte. Daí a reação violenta contra o
Evangelho de Cristo.
Exemplo
desse “incômodo” causado pela evangelização verificou-se ainda no Império
Romano, quando se prestava um culto de adoração ao imperador. O anúncio do
Senhorio de Cristo reduzia César a um homem comum, diante de quem o cristão
jamais dobraria os joelhos. Sua religião era considerada uma irreligião; sua
piedade, uma impiedade.
Ao
longo da história, muitos regimes autocratas tentaram impor a ferro e fogo o
seu poder sobre as populações. O regime nazista de Hitler encontrou nos
cristãos fiéis uma barreira para seus projetos de dominação, que incluíam a
eliminação de minorias raciais, deficientes físicos e mentais, supressão da
liberdade de pensamento e de expressão, entre outras manifestações de loucura.
Ora,
o Evangelho revela a dignidade do homem, criado à imagem e semelhança de Deus.
Esta doutrina era incompatível com os dogmas do nazismo ateu. Daí as
perseguições, o fechamento das editoras e escolas católicas e o martírio de
numerosos cristãos de diferentes denominações. O governo de inspiração maçônica
que assolou o México nos anos 30 seguiria a mesma cartilha, assassinando
centenas de padres e religiosas.
Hoje,
a Igreja continua sendo o alvo daqueles que se insurgem contra sua mensagem. A
Igreja defende a família, vê o matrimônio como uma aliança sagrada entre homem
e mulher, defende os fetos e embriões como pessoas com direitos, recusa que o
homem seja tratado como matéria-prima ou mão-de-obra escrava. Por isso mesmo,
continuará perseguida...
Orai sem cessar: “Por amor de Sião, eu não me calarei!” (Is 62,1)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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