Meu rochedo... (Sl 62 [61])
Entre
as imagens bíblicas mais expressivas, surge a figura do rochedo: a rocha sólida
na qual se encontra apoio definitivo. Em hebraico, o verbo “aman” [de que deriva “emunah”, a fé] encerra a ideia de fixar
raízes, consolidar-se na rocha. Não admira que daí provenha o AMÉM que a
comunidade brada para expressar sua confirmação: sim, é sólido, merece
confiança!
Assim
é nosso Deus: um rochedo que nos oferece sua solidez, de modo que as tempestades
deste século não nos arrastem para a ruína. No Apocalipse, lemos: “Assim fala o
Amém, a Testemunha fiel e verdadeira,
o Príncipe da criação de Deus”. (Ap 3,14) Uma nota da Bíblia Tradução Ecumênica
– TOB ensina: “Palavra hebraica, cuja raiz significa a solidez, a certeza,
utilizada nas liturgias judaica e, depois, cristã como expressão da resposta de
fé à Palavra de Deus. Em todos estes sentidos, Cristo é o Amém”. Escrevendo aos
coríntios, Paulo o confirma: “E todas as promessas de Deus encontraram seu SIM
na pessoa dele [Cristo]. É também por ele que nós dizemos AMÉM”. (2Cor 1,20)
É
pena que tenha sido adotada a tradução “assim seja”, que soa aos nossos ouvidos
como uma espécie de aceitação, conformada e conformista, em lugar de um brado
de aclamação geral que nos compromete com a própria vida. Para Rey-Mermet, “a
palavra evoca a imagem de um edifício de alicerces inabaláveis; melhor ainda, a
da rocha sobre a qual está construído”. E diz mais: “Deus é esse Amém (Is
65,16). Ele não engana, não decepciona. Deus de Verdade, de Fidelidade; Deus de
Palavra”.
O
Deuteronômio traz um cântico ao Rochedo de Israel: “Reconhecei a grandeza de
nosso Deus. Ele, o Rochedo, sua ação é perfeita, todos os seus caminhos são
justos; ele é o Deus fiel, não há nele injustiça”. (Dt 32,3-4)
Como
se isto não bastasse, é do Rochedo que mana a água da vida: “Eis que estarei
ali diante de ti, sobre o rochedo do Monte Horeb: ferirás o rochedo e a água
jorrará dele; assim o povo poderá beber”. (Ex 17,6) Os Padres da Igreja
primitiva identificaram esse rochedo-fonte com a pessoa do Crucificado:
“Naqueles dias, jorrará uma fonte para a casa de Deus e para os habitantes de
Jerusalém, que apagará seus pecados e suas impurezas”. (Zc 13,1)
Naturalmente,
o primeiro Israel jamais teria imaginado que do Rochedo jorraria sangue, ao
golpe da lança do centurião romano. O sangue de Cristo que nos resgatou e nos
confirmou na salvação de Deus. O mesmo sangue que se atualiza em cada
Eucaristia, nosso alimento de eternidade.
Orai sem cessar: “Não há rocha firme como nosso Deus!” (1Sm 2,2)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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