Bem depressa... (Lc 18,1-8)
Nos
dois polos da parábola, uma pobre viúva injustiçada e um juiz iníquo. Nada mais
atual! Pobres espoliados de seus direitos e magistrados corrompidos...
E o tempo
que passa. Dia após dia. Semana após semana. Ano após ano. Da parte do juiz, a
mesma iniquidade. Do lado da viúva, a invencível perseverança...
Gosto
de imaginar que aquela pobre mulher tinha alugado uma terrinha, ou um imóvel,
parte da herança deixada pelo finado marido, e o inquilino ganancioso se
recusava a pagar os aluguéis. Por isso, ia ao juiz e não desanimava de reivindicar
os seus direitos. Até que o homem mau se cansa. É sempre assim. O bem é
incansável. O mal tem fôlego curto. E o juiz, que sabe muito bem de sua maldade
– “Não temo a Deus nem respeito os homens!” (cf. v. 4) -, começa a temer por
uma reação mais forte da pobre viúva e, quando menos se esperava, dá-lhe uma
sentença favorável. Faz-se, enfim, a justiça.
A
situação da parábola é, agora, utilizada por Jesus para uma lição magistral: se
um homem tão ruim acabou fazendo justiça, diante da insistência da velhinha,
quanto mais nos fará justiça o Pai do céu, que é bom e justo? Logo, da parte de
Deus nada temos a temer. Mas...
Sim,
o problema está do nosso lado: somos capazes de perseverar na oração até o
tempo da resposta de Deus? Ora, ninguém persevera se não tem a fé. Daí a dúvida
de Jesus (a única dúvida do Mestre em todos os Evangelhos!): “Mas, quando vier
o Filho do Homem, acaso ainda achará fé sobre a terra?”
Em
todo caso, Jesus nos anima com a garantia: Deus nos atenderá “bem depressa”.
Mesmo que não possamos avaliar exatamente o que seja “bem depressa” para um
Deus que vive imerso na eternidade (onde não há relógios nem minutos), podemos
estar certos de que seremos atendidos “nesta vida”.
Mergulhados
na História até o pescoço, temos nosso olhar voltado para o eterno.
Peregrinamos na terra, mas somos cidadãos do céu. Não devemos achar caro, como
preço da eternidade com Deus, o tempo de espera (e esperança) que gastamos cá
em baixo.
Como
diz o Senhor no Apocalipse: “Sim, eu venho em breve.” A este anúncio, nós
respondemos: “Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,20.)
Orai sem cessar: “Antes
mesmo que clamem, eu lhes responderei; quando
ainda
estiverem falando, eu os terei ouvido! (Is 65,24)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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