sábado, 5 de outubro de 2013

PALAVRA DE VIDA

 E as revelaste aos pequeninos... (Lc 10,17-24)

           Certa vez, vi uma camiseta que me chamou a atenção. Trazia o desenho de um monte onde, em primeiro plano, magos e cientistas examinavam as estrelas com lunetas e telescópios. Em segundo plano, atrás de uma moita de capim, escondia-se Jesus com um bando de criancinhas. E Jesus tinha o indicador sobre os lábios, como a dizer: “Não digam a eles que eu estou aqui!”

            Aquela camiseta denunciava, de forma brincalhona, nossa antiga ilusão de buscar a Deus nas alturas, quando ele já “desceu” e se pôs no nosso nível, tornando-se acessível a todos. Desde a Encarnação do Verbo, toda elucubração teológica se revela como insano esforço de homens que pretendem transformar sua relação com Deus em uma espécie de conquista, quando, ao contrário, o próprio Deus se dá de graça aos pequeninos.
            Hoje, memória litúrgica de Santa Teresa de Lisieux – que nosso povo prefere chamar de Teresinha, na intimidade – o Evangelho não podia ser mais adequado à pequena carmelita. Convém recordar suas próprias palavras: “Minha desculpa é ser uma criança, e as crianças não medem o alcance de suas palavras. Quando colocados no trono e donos de imensos tesouros, seus pais não hesitam em contentar os desejos dos pequenos seres a quem amam tanto quanto a si mesmos; para agradar a eles, fazem loucuras, chegam até à fraqueza... Bem! Eu sou a CRIANÇA da Igreja e a Igreja é a Rainha, pois é tua esposa, ó divino Rei dos Reis...” (Manuscrito B, 257.)
            Teresa não sonha com grandezas nem dons extraordinários, apenas quer ser a criancinha do Pai. “As obras de grande repercussão lhe são interditadas, não pode anunciar o Evangelho, derramar o próprio sangue... mas não importa, seus irmãos trabalham em seu lugar e ela, criancinha, fica junto do trono do Rei e da Rainha. Ama pelos irmãos que combatem... Como irá testemunhar seu amor se o Amor se prova pelas obras? A criancinha lançará flores, perfumará o trono real; com sua voz argentina, cantará o cântico do Amor...” (Ibidem.)
            A “pequena via”, o caminito de Teresa é o caminho da infância espiritual: abandonar-se ao amor, entregar-se como os bebês, confiar no Pai como as crianças confiam. Desistir de galgar a escadaria íngreme e deixar-se erguer pelo elevador.
            A santidade não é uma conquista. É uma rendição...
Orai sem cessar: “Se quiserdes, enchei minha mãozinha!” (S. Teresinha)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

Nenhum comentário:

Postar um comentário