E as revelaste aos pequeninos... (Lc 10,17-24)
Certa vez,
vi uma camiseta que me chamou a atenção. Trazia o desenho de um monte onde, em
primeiro plano, magos e cientistas examinavam as estrelas com lunetas e
telescópios. Em segundo plano, atrás de uma moita de capim, escondia-se Jesus
com um bando de criancinhas. E Jesus tinha o indicador sobre os lábios, como a
dizer: “Não digam a eles que eu estou aqui!”
Aquela
camiseta denunciava, de forma brincalhona, nossa antiga ilusão de buscar a Deus
nas alturas, quando ele já “desceu” e se pôs no nosso nível, tornando-se
acessível a todos. Desde a Encarnação do Verbo, toda elucubração teológica se
revela como insano esforço de homens que pretendem transformar sua relação com
Deus em uma espécie de conquista, quando, ao contrário, o próprio Deus se dá de
graça aos pequeninos.
Hoje,
memória litúrgica de Santa Teresa de Lisieux – que nosso povo prefere chamar de
Teresinha, na intimidade – o Evangelho não podia ser mais adequado à pequena
carmelita. Convém recordar suas próprias palavras: “Minha desculpa é ser uma criança,
e as crianças não medem o alcance de suas palavras. Quando colocados no trono e
donos de imensos tesouros, seus pais não hesitam em contentar os desejos dos pequenos
seres a quem amam tanto quanto a si mesmos; para agradar a eles, fazem
loucuras, chegam até à fraqueza... Bem! Eu sou a CRIANÇA da Igreja e a Igreja é
a Rainha, pois é tua esposa, ó divino Rei dos Reis...” (Manuscrito B,
257.)
Teresa não
sonha com grandezas nem dons extraordinários, apenas quer ser a criancinha do
Pai. “As obras de grande repercussão lhe são interditadas, não pode anunciar o
Evangelho, derramar o próprio sangue... mas não importa, seus irmãos trabalham
em seu lugar e ela, criancinha, fica junto do trono do Rei e da Rainha.
Ama pelos irmãos que combatem... Como irá testemunhar seu amor se o Amor se
prova pelas obras? A criancinha lançará flores, perfumará o trono real; com sua
voz argentina, cantará o cântico do Amor...” (Ibidem.)
A “pequena
via”, o caminito de Teresa é o caminho da infância espiritual:
abandonar-se ao amor, entregar-se como os bebês, confiar no Pai como as
crianças confiam. Desistir de galgar a escadaria íngreme e deixar-se erguer
pelo elevador.
A santidade
não é uma conquista. É uma rendição...
Orai sem cessar: “Se quiserdes, enchei minha
mãozinha!” (S. Teresinha)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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