Mas
eles se calaram...
(Lc 14,1-6)
Sim, da parte de Deus, a “boa
vontade” é total, infinita: ele quer que todos se salvem, sem exceção. Já da
parte dos homens, a coisa é mais complicada: aqui e ali, sempre aparece alguém
de má vontade, fechado ao amor e ao perdão, escravo da lei, indisposto a
acolher o dom gratuito de Deus.
Foi assim na sinagoga de Nazaré,
como relata o Evangelho de hoje. Jesus se compadece de um enfermo e decide curá-lo.
Na época, a medicina era considerada como simples “trabalho manual” (tradução
literal do grego “cirurgia”: quiros= mão; ergon= trabalho). Por
isso mesmo, as atividades médicas estavam incluídas entre os trabalhos
proibidos no sábado judaico. Os adversários de Jesus (teriam eles, de
propósito, levado o doente à reunião, como arapuca para o Mestre?!) estão de
olho em seu comportamento.
É quando Jesus pergunta: “É
permitido, ou não, curar no sábado?” E São Lucas, também ele médico, registra:
“Mas eles se calaram.” Nem sim, nem não. Este silêncio é a marca registrada de
sua má vontade. É o indicador de sua consciência turva. Calam-se para fugir de
uma resposta franca. Sequer pretendem discutir a questão.
Senhor do sábado, Jesus cura prontamente
o hidrópico. Legistas e fariseus, ali presentes, em lugar de se alegrarem com a
cura do vizinho, condenam intimamente a atitude de Jesus. Mas Jesus ainda tem para
eles um argumento insuperável: se um boi caísse no poço, em pleno dia de
sábado, eles não estariam prontos a intervir para recuperar o animal? Ora, aos
olhos de Deus, nós somos filhos muito amados. Não seria, pois, um preceito
legal a impedir sua ação salvadora...
Em nossos dias, a Igreja de Jesus
se esforça para entrar em diálogo com os vários setores da sociedade. Quer
dialogar sobre a paz e o desarmamento, sobre a pobreza e a partilha dos bens, sobre
o valor da família e os direitos da mulher, sobre a vida e a defesa dos fetos.
Mas muitos se calam. Recusam-se ao diálogo. Já fecharam questão (e os corações).
Irão adiante em seus projetos de morte e de poder, de lucro e dominação.
E nós? Qual será nossa reação aos
sinais que Deus realiza em nossa vida? Responderemos à Palavra de Deus?
Orai sem cessar: “É o Senhor quem cura as tuas
enfermidades!” (Sl
103,3)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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