sexta-feira, 1 de novembro de 2013

PALAVRA DE VIDA

 Mas eles se calaram... (Lc 14,1-6)
           Quando Jesus Cristo nasceu na humilde gruta de Belém, o coro de anjos cantava a glória e a paz. Lá nas alturas, um hino de glória a Deus. Aqui na terra, augúrios de paz aos homens de boa vontade. Parece que a “boa vontade” (no latim de São Jerônimo, bonae voluntatis) é apenas outro sinônimo do amor.
            Sim, da parte de Deus, a “boa vontade” é total, infinita: ele quer que todos se salvem, sem exceção. Já da parte dos homens, a coisa é mais complicada: aqui e ali, sempre aparece alguém de má vontade, fechado ao amor e ao perdão, escravo da lei, indisposto a acolher o dom gratuito de Deus.
            Foi assim na sinagoga de Nazaré, como relata o Evangelho de hoje. Jesus se compadece de um enfermo e decide curá-lo. Na época, a medicina era considerada como simples “trabalho manual” (tradução literal do grego “cirurgia”: quiros= mão; ergon= trabalho). Por isso mesmo, as atividades médicas estavam incluídas entre os trabalhos proibidos no sábado judaico. Os adversários de Jesus (teriam eles, de propósito, levado o doente à reunião, como arapuca para o Mestre?!) estão de olho em seu comportamento.
            É quando Jesus pergunta: “É permitido, ou não, curar no sábado?” E São Lucas, também ele médico, registra: “Mas eles se calaram.” Nem sim, nem não. Este silêncio é a marca registrada de sua má vontade. É o indicador de sua consciência turva. Calam-se para fugir de uma resposta franca. Sequer pretendem discutir a questão.
            Senhor do sábado, Jesus cura prontamente o hidrópico. Legistas e fariseus, ali presentes, em lugar de se alegrarem com a cura do vizinho, condenam intimamente a atitude de Jesus. Mas Jesus ainda tem para eles um argumento insuperável: se um boi caísse no poço, em pleno dia de sábado, eles não estariam prontos a intervir para recuperar o animal? Ora, aos olhos de Deus, nós somos filhos muito amados. Não seria, pois, um preceito legal a impedir sua ação salvadora...
Em nossos dias, a Igreja de Jesus se esforça para entrar em diálogo com os vários setores da sociedade. Quer dialogar sobre a paz e o desarmamento, sobre a pobreza e a partilha dos bens, sobre o valor da família e os direitos da mulher, sobre a vida e a defesa dos fetos. Mas muitos se calam. Recusam-se ao diálogo. Já fecharam questão (e os corações). Irão adiante em seus projetos de morte e de poder, de lucro e dominação.
            E nós? Qual será nossa reação aos sinais que Deus realiza em nossa vida? Responderemos à Palavra de Deus?

Orai sem cessar: “É o Senhor quem cura as tuas enfermidades!” (Sl 103,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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