Eu
sou a ressurreição...
(Jo
11,17-27)
Ao contrário, quando Jesus fala da
“ressurreição”, ele se refere a uma realidade que transpõe os limites estreitos
de nossa existência histórica. A “ressurreição da carne” – artigo do Símbolo
dos Apóstolos, o Creio – ocorrerá na Segunda Vinda de Jesus Cristo, quando
retornará “para julgar os vivos e os mortos”.
O apóstolo Paulo trata com detalhes
sobre o tema da ressurreição na 1a. Carta aos Coríntios, capítulo
15. A ressurreição de Cristo é o alicerce desta certeza: ele foi as “primícias”
de uma colheita que nos incluirá no fim dos tempos. E trata-se de um ponto
central de nossa fé cristã; “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação,
e também é vã a vossa fé”. (1Cor 15,14.) A ressurreição de Cristo é o penhor, a
garantia de nossa própria ressurreição.
Quanto a “forma”, o modo como será
essa experiência de ressuscitados, o próprio Apóstolo recorre à linguagem
figurada, pois se trata de uma realidade intraduzível nos termos desta vida
terrestre. Com base nas reflexões de Paulo, a liturgia de Finados, em um de
seus Prefácios, afirma com segurança: “A vida não é tirada, mas transformada”. Vita
mutatur, non tollitur.
Dirigindo-se a Marta, irmã de
Lázaro, Jesus afirma categoricamente: “Eu sou a ressurreição e a vida”. É nele
que começamos a vida eterna, inaugurada no momento de nosso Batismo. Nele,
permaneceremos vivos além da morte, pois ela perdeu o seu ferrão (cf. 1Cor 15,55)
com a morte e ressurreição do Senhor.
Convenhamos que há um certo risco em
transpor a ressurreição por completo para além da morte. De fato, quem vive em
comunhão com Cristo, ainda aqui neste mundo, já inaugurou um caminho de
ressurreição que a morte não poderá interromper. Assim, unidos a ele, estamos
em comunhão com todos os nossos irmãos de outros lugares e de outras épocas.
Formamos um só corpo, inundado pela vida que brota do lado aberto do
Crucificado.
Se a reanimação de Lázaro é o sinal
evidente de que Jesus é o Senhor da vida, sabemos que há um número incontável
de pessoas que experimentaram em sua existência pessoal a entrada em uma vida
nova, que não se extinguirá com o tempo e se projeta muito além da morte, na
eternidade.
Orai sem cessar: “Em minha própria carne, verei a Deus!” (Jó
19,26)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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