Nesta conhecida passagem do “Sermão
da Montanha”, que emocionava o próprio Mahatma Gandhi, Jesus não ilude o grupo
de seus seguidores: “Foi assim que perseguiram os profetas antes de vós.” Ou
seja, vocês também serão perseguidos. E, quando o forem, aí mesmo é que sereis
verdadeiramente bem-aventurados!
Naturalmente, a “receita de
felicidade” passada pelo Mestre pode decepcionar bastante aqueles que pensavam
aproximar-se de Deus para resolver todos os seus problemas particulares. Com um
Deus utilizável, teríamos simultaneamente cura física, sossego e dinheiro no
bolso. Tanto é assim que algumas igrejas fazem seu marketing a partir de
frases do tipo: “Pare de sofrer!”
Entre os ingredientes amargos,
pobreza e lágrimas, não-violência e misericórdia, fome e sede, injúria e perseguição.
Sim, mas não em consequência de nossos erros e imprudências, mas “por minha
causa” – diz Jesus. A bem-aventurança é inseparável do compromisso com o Evangelho
de Jesus. Brota do choque entre a mensagem da Boa Nova e os projetos neopagãos.
Na verdade, a felicidade consiste
exclusivamente no próprio Senhor, na vida em comunhão com ele. Se os primeiros
mártires caminhavam para o cepo entoando alegremente hinos de louvor, é que ali
mesmo tomavam posse da felicidade-em-Deus. Sabiam que faziam um excelente
negócio em trocar a vida que passa pela vida que não passa.
Se ainda julgamos que o homem feliz
é aquele que tem “muito dinheiro no bolso / saúde pra dar e vender” – como na
valsinha natalina, acabaremos discordando de Jesus Cristo. Se, ao contrário,
queremos viver como filhos de Deus (Mt 5, 9), entenderemos o convite à
alegria...
Sou um bem-aventurado?
Orai sem
cessar: “Feliz o homem que tem seu refúgio no Senhor!” (Sl 34,9)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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