Quem dizeis que eu sou? (Mt 16,13-19)
Nossa vida é feita de contatos,
encontros, amizades. Mas também de choques, desencontros, antipatias. Daí o
risco permanente de passar por alguém e não reconhecer o tesouro oculto no
outro, não identificar a pessoa real que cruzava nosso caminho.
No caso de Jesus Cristo, essa
identificação constitui o ponto de partida de uma transfiguração de nosso ser
pessoal. Pessoa humano-divina, Jesus nos proporciona um salto de qualidade
impossível de realizar de outra forma. Se o encontras e identificas, jamais
serás o mesmo...
Neste Evangelho, estão registradas
várias falsas visões de Jesus ainda no seu tempo: um dos antigos profetas, o
Elias arrebatado ao céu, João Batista talvez de volta do mundo dos mortos. No
entanto, era bem vivo Aquele que fez a segunda pergunta: “E vós, quem dizeis
que eu sou?”
Simone de Diétrich comenta: “Jesus
dá a Simão um nome novo: ‘kepha’, que
significa ‘rocha’. Este nome contém uma promessa: Simão, o discípulo flutuante,
impulsivo, será doravante, pela graça de Deus, a ‘rocha’ sobre a qual Deus
edificará a nova comunidade. Nós cremos que aqui se trata, sim, da pessoa de
Pedro, e não somente sua fé. Bem entendido, é na qualidade de confessor da fé
que Pedro é chamado a desempenhar este papel”.
E prossegue: “Dando-lhe as chaves do
Reino, Jesus concede a Pedro – e por ele à Igreja – abrir esse Reino àqueles
que receberão sua palavra. Esta palavra tem o poder de desatar os homens dos laços
do pecado e da morte”.
O velho pescador escolhido e chamado
por Jesus era um homem sem grandes predicados, sem dotes que o destacassem de
seu meio social. No entanto, após identificar com acerto a pessoa do Filho de
Deus, Pedro vê-se projetado a altitudes jamais antes sonhadas. O galileu fala
às nações, o covarde dá testemunho pelo martírio, o caniço flexível torna-se
tronco imbatível.
A História da Igreja apenas repetirá
o mesmo padrão: gente comum, sem nenhum brilho nas academias do mundo, egressa de
famílias e grupos dos mais humildes, após o encontro com Jesus superam os
limites da carne e tornam-se notáveis luminares de seu tempo.
Em cada Evangelho, em cada
celebração, em cada vigília noturna, Jesus Cristo se põe à minha frente e
repete a pergunta: “Quem dizes que eu sou?”
Que o Espírito de Deus me inspire a
resposta certa...
Orai sem cessar: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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