Já
refletimos juntos sobre esta mesma passagem: o trigo bom e o joio mau crescendo
juntos até a colheita, convivendo lado a lado até o dia do Grande Juízo, a
colheita da humanidade. E o mistério da paciência de Deus, que parece estender
o nosso tempo de conversão...
Hoje,
porém, devemos focalizar um outro ângulo. Quando foi que o “inimigo” semeou a
cizânia sobre a semente do trigo já semeada? Foi quando todos dormiam... Satisfeitos com o
trabalho da semeadura, cheios de esperança de uma boa brotação, foram todos
celebrar e dormiram o despreocupado sono dos justos. Foi na calada da noite que
o adversário se infiltrou. Não havia guardas nem sentinelas. Os cães não
ladraram. Quando o dia raiou, o mal estava feito... Faz pensar em nossa
sociedade? Faz pensar em nossas famílias? No mínimo, faz lembrar a advertência
de Jesus? “Vigiai e orai, porque não sabeis o dia nem a hora!” (Mc 13,35.)
Quem
viu a mudança da sociedade brasileira na segunda metade do Séc. XX sabe que todos
nós cochilamos. Diante do processo de industrialização, o êxodo rural, a
chegada da TV, as mudanças do pós-Vaticano II, nós não fomos vigilantes como
deveríamos ter sido. Distraídos, tivemos nossas raízes culturais abaladas, os
laços familiares rompidos, nossa própria fé desfigurada.
Os
pais rezavam o terço em família, os filhos deixaram de ir à missa dominical, os
netos se perguntam que diferença faz casar-se na Igreja ou simplesmente se
“juntar”... Isto, em menos de 50 anos! Certamente fomos envolvidos por outras
vozes. Talvez tenhamos duvidado dos valores que havíamos herdado de nossos
maiores, pois pareciam meio “quadrados” diante do novo mundo que se avizinhava.
Hoje,
sabemos que falhamos. Dormimos enquanto o inimigo semeava o joio: a droga e a
violência, a quebra da autoridade dos pais e professores, a invasão dos lares
pela TV pornófona. A adoção pelos jovens da libertinagem das novelas. E já não
é possível evitar as lágrimas diante de tanta destruição...
E
agora, que fazer? Com certeza, voltar para a muralha e retomar a vigilância.
“Vigiai, pois, em todo o tempo, e orai a fim de que vos torneis dignos de
escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante
do Filho do homem.” (Lc 21,36.)
Orai sem cessar: “Mais do que os vigias que aguardam a manhã,
Espere
Israel pelo Senhor!” (Sl 130,7)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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