Esta frase é de Marta, irmã de
Lázaro de Betânia. Jesus fora avisado com antecedência sobre o estado grave do
amigo, mas deixou que escorresse a areia de três longos dias antes de se mover.
Eram apenas 6 km de caminhada, mas Jesus preferiu esperar...
Enfim, Lázaro já estava morto e
sepultado quando o Amigo chegou. E Marta se lamenta: “Se estivesses aqui, meu
irmão não teria morrido!” Não me parece uma queixa, mas um ato de fé! Marta
conhece Jesus bem de perto, além das notícias que corriam pela Palestina, ela
teria presenciado a ação terapêutica de Jesus, que devolvia a vista aos cegos e
a audição aos surdos. Mais de uma vez, ele provara ser o Senhor da vida...
Mas Lázaro estava morto. Marta terá agora
a oportunidade de aprofundar sua fé. Vai descobrir, além de toda esperança, que
o mesmo Jesus que curava um enfermo, também pode devolver a vida a um morto.
Nas palavras do Mestre: “Eu sou a ressurreição e a vida” (v. 25).
Marta crê na ressurreição, mas
naquela vida que os mortos vão recuperar no fim dos tempos, no grande Dia do
Senhor. E não é disso que Jesus está falando. Ele se refere à reanimação
imediata de um defunto, chamando-o poderosamente de volta à vida atual, tal
como ele fez com o filho da viúva de Naim (Lc 7,11) e com a pequena Talita (Mc
5,41).
Aliás, aqui se vê a impropriedade em
falar da “ressurreição” de Lázaro, pois o que ocorre é uma “reanimação”. O
irmão de Marta e Maria volta à vida para mais alguns anos aqui na terra, mas
não escapará da morte, etapa de todos os mortais. Por ora, mais alguns anos
serão dados a Lázaro, mas a verdadeira ressurreição é para o fim dos tempos, na
glorificação final do Filho de Deus.
“Se estivesses aqui, meu irmão não
teria morrido...” O engano de Marta é bem o nosso engano. Quantas vezes temos a
impressão de que Jesus se ausenta, se afasta, se esquece de nós, indiferente à
nossa morte de cada dia, quando nos vemos traídos, abandonados, feridos,
humilhados...
Ora, Jesus nunca nos abandona. Está
sempre presente ao nosso lado, mesmo quando parece demorar-se. E se, algum dia,
nos sentirmos mortos, logo ouviremos a voz poderosa, ecoando nas quebradas:
“Lázaro, vem para fora!”
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