domingo, 24 de agosto de 2014

PALAVRA DE VIDA

Sobre esta pedra... (Mt 16,13-20)
            A imagem bíblica da rocha carrega notável riqueza simbólica. As grandes pedras e rochedos exerciam notável impressão sobre o homem primitivo. Os monumentos megalíticos espalhados por toda a Europa são o testemunho desse impacto.

            Ao longo do Antigo Testamento, a rocha ou montanha são o “lugar” do encontro com Yahweh e, por analogia, tornam-se sua imagem: “Yahweh é meu rochedo, escudo e fortaleza. A rocha dos gentios não é como a nossa Rocha!” Foi no rochedo que Deus entregara a Lei a Moisés. Do rochedo brotou também a água viva. No áspero rochedo do Calvário seria sacrificado Jesus, o Isaac definitivo...
            Esta função salvadora do Rochedo atingiu sua plenitude na pessoa de Jesus Cristo, o mesmo que se apresentara pessoalmente como a “pedra angular, rejeitada pelos construtores” (cf. Mt 21,42). Paulo sabe disso e escreve: “Essa rocha era o Cristo”. (1Cor 10,4) Devíamos, pois, espantar-nos ao ver que Jesus não hesita em estender sua missão salvadora à sua Igreja, na pessoa do apóstolo Pedro.
            Como comenta Urs Von Balthasar, “sem renunciar a este caráter próprio, Jesus concede que Pedro participe dele”. E ainda: “A transmissão desta propriedade só pode ser realizada pela fé perfeita, devida à graça do Pai celeste (Mt 16,17), e de modo algum por uma inspiração humana de Pedro. A fé em Deus e em Cristo, firme como o rochedo, torna-se ela mesma firme como a rocha unicamente por Deus e por Cristo, o fundamento sobre o qual Cristo, e não o homem, edifica sua Igreja”.
            Pedro não se chamava Pedro. Ele era Simão, filho de Jonas. É em vista de sua missão apostólica que Jesus troca seu nome para Kephas, palavra aramaica que permite o jogo de simbolismos Pedro/Pedra. O homem instável e impulsivo deve ser mudado em ponto de apoio e firmeza, nos alicerces do corpo de Cristo, a Igreja. A um nome novo corresponde uma nova missão, tal como acontecera no passado com Abrão/Abraão, e ocorrerá mais tarde com Saulo/Paulo.
            As chaves do Reino confiadas ao velho pescador apontam para os serviços e ministérios da Igreja, encarregada de distribuir a todos os dons da Graça divina, desligando-os das correntes do pecado e da morte.
Orai sem cessar: “Não há rocha firme como nosso Deus!” (1Sm 2,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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