Sobre
esta pedra... (Mt
16,13-20)
A
imagem bíblica da rocha carrega notável riqueza simbólica. As grandes pedras e
rochedos exerciam notável impressão sobre o homem primitivo. Os monumentos
megalíticos espalhados por toda a Europa são o testemunho desse impacto.
Ao
longo do Antigo Testamento, a rocha ou montanha são o “lugar” do encontro com
Yahweh e, por analogia, tornam-se sua imagem: “Yahweh é meu rochedo, escudo e
fortaleza. A rocha dos gentios não é como a nossa Rocha!” Foi no rochedo que
Deus entregara a Lei a Moisés. Do rochedo brotou também a água viva. No áspero rochedo
do Calvário seria sacrificado Jesus, o Isaac definitivo...
Esta
função salvadora do Rochedo atingiu sua plenitude na pessoa de Jesus Cristo, o
mesmo que se apresentara pessoalmente como a “pedra angular, rejeitada pelos
construtores” (cf. Mt 21,42). Paulo sabe disso e escreve: “Essa rocha era o
Cristo”. (1Cor 10,4) Devíamos, pois, espantar-nos ao ver que Jesus não hesita
em estender sua missão salvadora à sua Igreja, na pessoa do apóstolo Pedro.
Como
comenta Urs Von Balthasar, “sem renunciar a este caráter próprio, Jesus concede
que Pedro participe dele”. E ainda: “A transmissão desta propriedade só pode
ser realizada pela fé perfeita, devida à graça do Pai celeste (Mt 16,17), e de
modo algum por uma inspiração humana de Pedro. A fé em Deus e em Cristo, firme
como o rochedo, torna-se ela mesma firme como a rocha unicamente por Deus e por
Cristo, o fundamento sobre o qual Cristo, e não o homem, edifica sua Igreja”.
Pedro
não se chamava Pedro. Ele era Simão, filho de Jonas. É em vista de sua missão
apostólica que Jesus troca seu nome para Kephas,
palavra aramaica que permite o jogo de simbolismos Pedro/Pedra. O homem
instável e impulsivo deve ser mudado em ponto de apoio e firmeza, nos alicerces
do corpo de Cristo, a Igreja. A um nome novo corresponde uma nova missão, tal
como acontecera no passado com Abrão/Abraão, e ocorrerá mais tarde com
Saulo/Paulo.
As
chaves do Reino confiadas ao velho pescador apontam para os serviços e
ministérios da Igreja, encarregada de distribuir a todos os dons da Graça
divina, desligando-os das correntes do pecado e da morte.
Orai sem cessar: “Não há rocha firme como nosso Deus!”
(1Sm 2,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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