domingo, 31 de agosto de 2014

PALAVRA DE VIDA

Tome a sua cruz! (Mt 16,21-27)
           De início, é preciso reconhecer: a palavra “cruz” desperta em nós uma reação muito negativa. A imagem da cruz – o simples som da palavra! – provoca uma espécie de repulsa, uma contração neuromuscular, uma espécie de instinto de fuga. Sentimos a cruz como algo a ser evitado ou, no mínimo, tolerado entre as coisas inevitáveis da condição humana.

            Mesmo em ambientes que se julgam cristãos, a cruz ainda é vista como um brutal instrumento de suplício, com toda a sua carga de maldição e de anátema. Isto é, não se percebe a cruz – que a Liturgia chama de arbor nobilis, ou seja, “árvore nobre” – como uma nascente de vida, o máximo sinal do amor de Deus pela humanidade.
            Paradoxalmente, na hora de retratar os santos, nossos artistas costumam representá-los com a cruz nas mãos (só a título de exemplo, lembrar de São Francisco de Assis, São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus), prova de que sua santificação não resulta de algumas rosas perfumadas, mas de cruzes dolorosas abraçadas com amor.
            Por isso mesmo, desde o início, Jesus Cristo não iludiu ninguém, deixando claro que seu seguimento implicaria na aceitação de uma CRUZ. E não é preciso grande capacidade intelectual para perceber o óbvio: a mensagem do Evangelho, que bateu de frente com os interesses de Herodes, de Pilatos e do Sumo Sacerdote, continua a se chocar com a sociedade de consumo, hedonista e materialista, cujo ídolo de plantão é o dinheiro.
            Chega a ser uma espécie de inocência infantil pretender seguir de verdade a Jesus Cristo sem sofrer pressões, injúrias e prejuízos materiais. Ilusão maior é pretender aplausos e vantagens por obedecer aos ditames do Evangelho. A única recompensa pela fidelidade a Jesus é a CRUZ.
            Não fosse assim, Jesus de Nazaré não teria fechado o leque das Bem-aventuranças com estas palavras: “Bem-aventurados sereis quando, por minha causa, vos injuriarem e perseguirem e disserem, falsamente, contra vós toda a espécie de mal”. (Mt 5,11.)
            No final do caminho, você, que abraçou a sua cruz, deverá ouvir pessoalmente do Senhor: “Segura firme o que tens, para que ninguém te arrebate a coroa”. (Ap 3,11b.)

Orai sem cessar: “O amor de Cristo nos constrange...” (2Cor 5,14)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário