sábado, 4 de outubro de 2014

PALAVRA DE VIDA

Pisar em cobras e escorpiões... (Lc 10,17-24)

           Estas imagens reaparecem no final do Evangelho de Marcos (16,18), quando Jesus repete aos discípulos o imperativo de anunciar a Boa Nova: “Eis os sinais que acompanharão os que crerem: [...] se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum”.

            Hoje, tempos de racionalismo, a tendência é “espiritualizar” estas palavras e não as tomar ao pé da letra, ainda que o exemplo pessoal de Paulo, na Ilha de Malta (cf. At 28,3-6), nos permitisse fazê-lo. De qualquer modo, “serpentes e escorpiões” são o símbolo das potências maléficas do inimigo, que oferece todo tipo de obstáculos à evangelização.
            A lição de Jesus é clara: não devemos esperar facilidades ao anunciar a mensagem do Salvador. Uma sociedade pagã, ávida de lucro e poder, seduzida pelo sucesso e pela fama, alheia ao sofrimento dos pobres, jamais ouvirá com aplausos o Sermão da Montanha. A simples presença de um evangelizador apaixonado por Cristo torna-se denúncia insuportável aos adeptos de Mammon.
            Isto nos leva a uma evidência: só assume a missão de evangelizar aquele que se dispõe ao sacrifício. Nas palavras do próprio Jesus: “negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”. Sem esta prévia disposição de sofrer o peso da missão, ninguém permanecerá firme diante da oposição do século.
            Entre outros fatos da história recente da Igreja, vale recordar o exemplo de São João Bosco, apóstolo dos meninos de rua. Quando Dom Bosco abriu seu oratório e nele recolheu os pivetes de Turim, adotando-os como filhos espirituais, o próprio clero de seu tempo ergue-se contra a obra, alegando que seu comportamento – aproximando-se daquela jovem ralé – contribuía para denegrir a imagem dos sacerdotes.
            Igualmente, quando Madre Teresa de Calcutá deixou o convento para se dedicar aos mendigos das favelas, parte das freiras e das alunas de seu colégio não entendia sua opção. Antes, parecia-lhes um inaceitável rebaixamento... Ora, Dom Bosco e Madre Teresa nada mais faziam que imitar o exemplo de Jesus, que também acolhera os desclassificados de seu tempo.
            Assim, não se admire nenhum cristão se, ao dar um testemunho autêntico de Jesus Cristo, enfrentar críticas e rejeição, zombaria e ofensas, portas fechadas e campanhas de difamação. Mas tenha sempre em mente que o Senhor nos deu o poder de calcar aos pés as cobras e os escorpiões...
Orai sem cessar: “Não temerei mal algum, pois estás comigo!” (Sl 23,4)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.

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