Entra na alegria! (Mt
25,14-30)
Este
é o convite do Dono do banquete ao servidor que ousou trabalhar o investimento
que nele havia feito. E não se trata de uma alegria qualquer – a alegria barata
dos programas de auditório, quando os fãs aplaudem ou gritam se o contra-regra
levanta o cartaz correspondente. Trata-se da alegria profunda que brota do
âmago do ser, a letícia incomparável de estar ao lado do Pai em seu eterno
festim...
Comenta
Lev Gillet: “Entra na alegria do teu Senhor, diz o Evangelho. Qual a relação
entre a palavra ‘alegria’ e a palavra ‘Senhor’? Na aparência, parece não haver
necessariamente relação entre elas; o termo ‘Senhor’ evoca a soberania, isto é,
antes de tudo a ideia de certo distanciamento, certa transcendência. Existe aí
um lugar para a alegria?
Muita
gente, por se concentrar muito estritamente no significado da palavra ‘Senhor’,
não a percebem. Quase sempre desconhecemos a alegria que está no Senhor, porque
se faz de Deus um juiz, um vingador ou um ser impassível, alguém que pune ou
recompensa a partir de determinado código. Aí, de fato, não há lugar para a
alegria.
Felizmente,
existe outra concepção de Deus: um Deus que é um coração; coração que pulsa de
desejo, de compaixão e de alegria, que bate por nós a cada instante. Este Deus
é o Senhor da alegria de que nos fala o Evangelho – a fonte primária e o mestre
da alegria, de toda alegria.
‘Entra
na alegria de teu Senhor”: que significa ‘teu
Senhor’? Por que ‘teu’? Porque eu
lhe pertenço; ele me criou, eu estou à disposição dele. Entre mim e ele há uma
relação de estreita dependência, absoluta dependência. Ele é para mim a
realidade suprema.
Mas
se existo para ele, ele também existe para mim. Se o Senhor é meu por inteiro,
então a alegria que está nele não é um suplemento para minha alegria terrestre;
ela me pertence.
Quer
dizer que a alegria que está no Senhor é exatamente a mesma que a nossa?
Fundamentalmente, sim! A única diferença é da ordem de intensidade. A alegria
do Senhor e minha alegria possuem certamente sua própria coloração, mas elas
são ambas animadas pelo mesmo movimento para o objeto desejado, o mesmo desejo
de união com ele. Deus nos desejou, ele encontrou alegria em nós, tornando-nos
capazes de responder a esse desejo.
Estas
relações de amor em Deus só podem ser comparadas a um braseiro, uma fornalha. É
esta alegria divina que vem sobre nós, que vem em nós.”
Não
é o que Paulo gritava? “Alegrai-vos no Senhor! Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4)
Orai sem cessar: “Puseste alegria em meu
coração...” (Sl 4,8)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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