sexta-feira, 28 de novembro de 2014

PALAVRA DE VIDA

 Com grande poder e glória... (Lc 21,29-33)
                 Para o cristão, o Juízo Final não é visto como ameaça, mas como glorificação. Não se trata do “fim do mundo”, no sentido de uma catástrofe generalizada, um Apocalipse hollywoodiano, pois o Criador não vai transformar em pó a sua própria Criação, mas lhe dará a forma “nova” e regenerada. No grande Dia do Senhor, encerrado o tempo da velha História, o Verbo Encarnado se manifestará em sua vitória final, depositando todo o Cosmo aos pés do Pai (cf. Ef 1,22-23)

                Eis a lição de Cirilo de Jerusalém [Séc. IV], em uma catequese batismal:
                “Nós anunciamos a vinda de Cristo: não somente sua primeira vinda, mas também uma segunda muito mais luminosa. De fato, a primeira foi marcada pelo sinal da paciência, enquanto a segunda trará o diadema da divina realeza.
                Aliás, em sua grande parte, tudo o que diz respeito a nosso Senhor Jesus Cristo, pode ser considerado sob duplo ponto de vista. Duplo nascimento: um de Deus, antes das eras; outro da Virgem Maria, na plenitude dos tempos. Dupla descida: uma discreta, como a da chuva sobre o velo; outra resplandecente, aquela que deve vir.
                Por ocasião da primeira vinda, ele foi envolvido em faixas e deitado no presépio; na segunda, ele será vestido de luz como um manto (cf. Sl 104,2). Na primeira, ele sofreu a cruz e desprezou a vergonha; na segunda, avançará em sua glória escoltado por um exército de anjos.
                Agora, não nos basta apoiar-nos na primeira vinda; esperamos ainda pela segunda. E após ter dito, na primeira, “bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Mt 21,9), nós o repetiremos de novo por ocasião da segunda, quando viremos com os anjos ao encontro do Senhor para o adorar.
                O Salvador virá não para ser novamente julgado, mas para julgar aqueles que realizaram o julgamento. Ele, que tinha guardado silêncio enquanto o julgavam, dirá àqueles que ousaram cravá-lo na cruz: “Eis o que fizeste, e eu me calei” (Sl 50,21). Ele tinha vindo para realizar a salvação e ensinar aos homens pela persuasão; mas, naquele dia, queiram ou não, serão obrigados a submeter-se à sua realeza.
                Assim, nosso Senhor Jesus Cristo virá dos céus no último dia, pois este mundo terá o fim e o mundo criado será renovado.”
                Enquanto o mundo pagão “curte o dia de hoje”, pois não há nada a esperar, o cristão ergue seus olhos e clama, confiante: “Maran atha. Vem, Senhor Jesus!” (1Cor 16,22)
Orai sem cessar: “Os céus anunciam sua justiça, pois Deus vai julgar!” (Sl 50,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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