Com grande poder e glória... (Lc 21,29-33)
Para
o cristão, o Juízo Final não é visto como ameaça, mas como glorificação. Não se
trata do “fim do mundo”, no sentido de uma catástrofe generalizada, um
Apocalipse hollywoodiano, pois o
Criador não vai transformar em pó a sua própria Criação, mas lhe dará a forma
“nova” e regenerada. No grande Dia do Senhor, encerrado o tempo da velha
História, o Verbo Encarnado se manifestará em sua vitória final, depositando
todo o Cosmo aos pés do Pai (cf. Ef 1,22-23)
Eis
a lição de Cirilo de Jerusalém [Séc. IV], em uma catequese batismal:
“Nós
anunciamos a vinda de Cristo: não somente sua primeira vinda, mas também uma
segunda muito mais luminosa. De fato, a primeira foi marcada pelo sinal da
paciência, enquanto a segunda trará o diadema da divina realeza.
Aliás,
em sua grande parte, tudo o que diz respeito a nosso Senhor Jesus Cristo, pode
ser considerado sob duplo ponto de vista. Duplo nascimento: um de Deus, antes
das eras; outro da Virgem Maria, na plenitude dos tempos. Dupla descida: uma
discreta, como a da chuva sobre o velo; outra resplandecente, aquela que deve
vir.
Por
ocasião da primeira vinda, ele foi envolvido em faixas e deitado no presépio;
na segunda, ele será vestido de luz como
um manto (cf. Sl 104,2). Na primeira, ele sofreu a cruz e desprezou a
vergonha; na segunda, avançará em sua glória escoltado por um exército de anjos.
Agora,
não nos basta apoiar-nos na primeira vinda; esperamos ainda pela segunda. E
após ter dito, na primeira, “bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Mt
21,9), nós o repetiremos de novo por ocasião da segunda, quando viremos com os
anjos ao encontro do Senhor para o adorar.
O
Salvador virá não para ser novamente julgado, mas para julgar aqueles que
realizaram o julgamento. Ele, que tinha guardado silêncio enquanto o julgavam,
dirá àqueles que ousaram cravá-lo na cruz: “Eis o que fizeste, e eu me calei”
(Sl 50,21). Ele tinha vindo para realizar a salvação e ensinar aos homens pela
persuasão; mas, naquele dia, queiram ou não, serão obrigados a submeter-se à
sua realeza.
Assim,
nosso Senhor Jesus Cristo virá dos céus no último dia, pois este mundo terá o
fim e o mundo criado será renovado.”
Enquanto
o mundo pagão “curte o dia de hoje”, pois não há nada a esperar, o cristão
ergue seus olhos e clama, confiante: “Maran
atha. Vem, Senhor Jesus!” (1Cor 16,22)
Orai sem cessar: “Os
céus anunciam sua justiça, pois Deus vai julgar!” (Sl 50,6)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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