terça-feira, 4 de novembro de 2014

PALAVRA DE VIDA

 Peço que me desculpes... (Lc 14,15-24)
                Sim, pedir desculpas pode ser sinal de boa educação. Mas nem sempre. Pode ser outra coisa...
                No caso desta parábola de Jesus, o que está em questão é o grande banquete oferecido aos amigos e conhecidos. Está em questão igualmente a qualidade do Dono da festa, ansioso por celebrar com os amigos. Mas os convidados têm outros interesses...
                Há um terreno novo que foi adquirido e precisa de nossa supervisão. Afinal, quem engorda o gado? O olho do dono! Há também uma junta de bois – digo, um novo trator – que pede uma primeira experiência. E há também aquela noivinha cheirosa, perfumada, ataviada, que não podemos deixar em segundo plano. No caso da parábola, lembrar que os costumes da Palestina não incluíam mulheres nos banquetes masculinos... Assim sendo, é melhor ignorar o convite para o banquete e cuidar da vida, certo?
                Seria exagero afirmar que acontece coisa semelhante com a gente? Que também nós temos nossos interesses pessoais quase sempre sobrepostos aos convites recebidos? Pense bem: você é “vidrado” em Fórmula Um... Se você for à missa, certamente perderá o momento mais emocionante da corrida, a largada. É quando ocorrem colisões, derrapagens e, às vezes, sangue e fogo. Ora, perder tudo isso só por causa de uma missa?
                E aquela novela da TV que esconde o segredo sobre o crime acontecido? Quem será o criminoso? Você foi convidado para o encontro de casais, o que o levaria a perder o último capítulo... Parece justo desculpar-se, pois não?
                Des-culpar. Retirar a culpa. Apagar a culpa. Tornar-se inocente...
                Sei não. Pode ser que meus interesses “outros” acabem por me deixar culpado de desprezar tantas oportunidades oferecidas por Deus e pela Igreja...
                Com tantas recusas, ficará vazia a sala do festim? Claro que não! Há muita gente que não precisa se desculpar, pois sua vida anda vazia de atrativos e de compromissos. Aquela gentinha das esquinas e dos atalhos, a turma da periferia. Os que não têm poupanças a controlar nem extratos a verificar. O Evangelho é mais cru: chama-os de cegos e coxos, pobres e aleijados...
                Pois são exatamente aqueles que pareciam à margem os que acabam introduzidos no salão nobre e se assentam ao lado do Senhor. Este ficara furioso com o desprezo dos convidados e declarou bem alto: “Nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete!”
Orai sem cessar: “Felizes os convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro!” (Ap 19,9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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