Levantai os olhos para o alto! (Is 40,25-31)
Desde criança, ouvia o alerta de
meus pais: - “Menino, olha onde pisa!” Fosse na rua, onde os cães deixavam sua
sujeira, fosse na beira do rio, onde as jararacas se ocultavam, olhar para o
chão era um questão de segurança.
Ora,
a Liturgia de hoje nos traz a exortação do profeta Isaías, que insiste para que
elevemos nosso olhar para o alto, pois é do Alto que nos vem a salvação. “Rorate, caeli” – canta a antífona do
Advento: “Destilai, ó céus, das alturas, e as nuvens chovam o Justo;
abra-se a terra e produza a salvação".
Se
um dia fomos quadrúpedes, como afirmam certos evolucionistas, já faz tempo que
nos erguemos em dois pés e nos tornamos capazes de mirar mais alto. A mensagem
da Escritura nos garante que nosso ponto de chegada ultrapassa em muito as
realidades terrenas. O Apóstolo convida: “Buscai as coisas do alto, não do que
é da terra, pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus”.
(Cl 3,2-3)
Não
é difícil perceber as raízes da crise de nossa sociedade. Nem dos numerosos suicídios
entre nossos jovens. Nem da epidemia de depressão que assola o Ocidente. Nem da
avalanche da droga que arrasta multidões. É que o coração humano não encontra
alimento nas coisas “de baixo”. As idolatrias de plantão – imoralidade sexual,
impureza, paixão, maus desejos, ganância (cf. Cl 3,5) – prendem nossos olhar ao
barro e atam as asas do espírito, impedidas de voar.
A sede de sentido que
tortura este milênio só pode ser saciada com as coisas do alto. Quem se dispôs
a contemplá-las tornou-se capaz de servir ao próximo, de arriscar sua vida para
cuidar das vítimas do Ebola, de se dedicar à formação da juventude, de impedir
que sua profissão se limite a um meio de ganhar dinheiro, mas seja amoroso
serviço à humanidade.
São tantos que se queixam
da vida! Não descobriram a alegria de viver... Carregam a vida como um fardo...
Buscam no álcool um sedativo para o verme interior... Quando erguerão seu olhar
para o Salvador que se aproxima?
Orai sem cessar: “Tenho os olhos fixos no Senhor!” (Sl 25,15)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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