quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

PALAVRA DE VIDA

Levantai os olhos para o alto! (Is 40,25-31)

            Desde criança, ouvia o alerta de meus pais: - “Menino, olha onde pisa!” Fosse na rua, onde os cães deixavam sua sujeira, fosse na beira do rio, onde as jararacas se ocultavam, olhar para o chão era um questão de segurança.

            Parece que muita gente deve ter ouvido conselhos semelhantes. Contemplo a multidão que passa e vejo que todos olham para o chão. Veem o asfalto e o trabalho, a poupança e a Bolsa de Valores, o vestibular e o ENEM, a carreira e a aposentadoria. Ninguém olha mais alto...
            Ora, a Liturgia de hoje nos traz a exortação do profeta Isaías, que insiste para que elevemos nosso olhar para o alto, pois é do Alto que nos vem a salvação. “Rorate, caeli” – canta a antífona do Advento: Destilai, ó céus, das alturas, e as nuvens chovam o Justo; abra-se a terra e produza a salvação".
            Se um dia fomos quadrúpedes, como afirmam certos evolucionistas, já faz tempo que nos erguemos em dois pés e nos tornamos capazes de mirar mais alto. A mensagem da Escritura nos garante que nosso ponto de chegada ultrapassa em muito as realidades terrenas. O Apóstolo convida: “Buscai as coisas do alto, não do que é da terra, pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus”. (Cl 3,2-3)
            Não é difícil perceber as raízes da crise de nossa sociedade. Nem dos numerosos suicídios entre nossos jovens. Nem da epidemia de depressão que assola o Ocidente. Nem da avalanche da droga que arrasta multidões. É que o coração humano não encontra alimento nas coisas “de baixo”. As idolatrias de plantão – imoralidade sexual, impureza, paixão, maus desejos, ganância (cf. Cl 3,5) – prendem nossos olhar ao barro e atam as asas do espírito, impedidas de voar.
A sede de sentido que tortura este milênio só pode ser saciada com as coisas do alto. Quem se dispôs a contemplá-las tornou-se capaz de servir ao próximo, de arriscar sua vida para cuidar das vítimas do Ebola, de se dedicar à formação da juventude, de impedir que sua profissão se limite a um meio de ganhar dinheiro, mas seja amoroso serviço à humanidade.
São tantos que se queixam da vida! Não descobriram a alegria de viver... Carregam a vida como um fardo... Buscam no álcool um sedativo para o verme interior... Quando erguerão seu olhar para o Salvador que se aproxima?
Orai sem cessar: “Tenho os olhos fixos no Senhor!” (Sl 25,15)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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