Será o fim dos tiranos... (Is 29,17-24)
Já chamaram a religião de anestesia.
Um “especialista” em humanidade rotulou a religião como “ópio do povo”. Parece
que o profeta Isaías pensa diferente... O Messias anunciado é um Libertador que
erradica as tiranias contra o homem.
Reconhecido como um “protoevangelho”
[um Evangelho que se antecipa aos quatro evangelhos do Novo Testamento!], o livro
de Isaías apresenta um conteúdo essencialmente subversivo. Em especial nas suas
passagens de caráter messiânico, lemos as promessas de uma “virada de mesa”
radical: surdos que passam a ouvir, cegos que passam a ver, feras amansadas,
fracos fortalecidos.
É hora de perguntar: a quem
interessa que o deserto se torne um jardim? Quem não terá prejuízos se o pasto
se tornar floresta? Quem não fatura com as guerras e, assim, não teme a chegada
da Paz? “Os humildes” – responde Isaías.
Sim, os humildes se alegram com a
perspectiva de um mundo novo, onde o Senhor vem instaurar a paz, nivelar as
colinas do ódio, rechaçar as trevas com a luz de seu amor. Os mais fracos, os
mais pobres, os excluídos do sistema – por que motivo iriam temer as promessas
do Messias pacificador?
Mas há quem tema a paz... O profeta
aponta: os tiranos, os zombadores, os que espreitam para fazer o mal. Eles
sabem que não terão lugar em um mundo ordenado pela paz e pela comunhão entre
os homens. A tática dos tiranos é “dividir para imperar”. Os novos mapas
fabricados para a África, após a Segunda Guerra mundial, formando territórios
onde eram intencionalmente misturadas etnias diferentes, se inspiraram nesse
mesmo princípio.
Agora, vem o Natal e nasce uma
Criança que Deus nos envia. Ele encarna a mensagem dos anjos de Belém: “Paz na
terra!” Não pode ser uma criança bem-vinda aos tiranos, pois eles vivem da
guerra, respiram o ódio, alimentam-se de sangue. A simples notícia de sua vinda
tira o sono de todos os Herodes do planeta...
E nós? Somos pacíficos? Amamos a
paz? Qual é nossa contribuição pessoal em vista de um mundo sem guerras, uma
sociedade sem fronteiras, uma família sem ódio? Em meu coração ainda há espaço
para mágoas e ressentimentos? Guardo na gaveta as contas a cobrar? Ou já abri
meu espírito à Luz do alto, que permite aos cegos a leitura de um Evangelho do
amor?
Orai sem
cessar: “O Senhor
é minha rocha, minha fortaleza, meu libertador!” (2Sm 22, 2)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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