Homem algum falou como este! (Jo 7,40-53)
Esta frase exclamativa saiu da boca
dos guardas enviados pelos sacerdotes do Templo de Jerusalém com a missão de
prender Jesus de Nazaré, cujo ensinamento ameaçava os donos do poder. Depois de
se misturarem à multidão e ouvirem a pregação do Rabi, os emissários regressam
aos chefes com os olhos cheios e as mãos vazias: “Homem algum falou como este
homem!”
Não só os guardas daquele tempo, mas
também os homens de empresa deste início de milênio estão descobrindo uma nova
faceta em Jesus: seu notável poder de liderança! Uma palavra, e o seguem: “Vinde e vede!” (Jo 1,39) Uma ordem e os
demônios fogem: “Sai deste homem!” (Mc 1,25) Um gesto e os guardas caem por
terra (Jo 18,6). Sem poder econômico, sem recursos financeiros, sem apoio
político, Jesus Cristo dividiu a História em duas fatias: antes de Cristo /
depois de Cristo.
Diferentemente dos demais rabinos de
seu tempo, que ensinavam apoiados em uma tradição, sempre a citar e repetir as
lições de seus próprios mestres, Jesus de Nazaré destoa da tradição, pois ensina
“com autoridade” (Mt 7, 29) e afirma que só repete aquilo que ouviu pessoalmente
do próprio Pai. De modo audacioso, chega a contrapor a herança mosaica a uma
Boa Nova ainda mais exigente: “Vocês ouviram dos antigos... Eu, porém, vos
digo...” (Cf. Mt 5,21.27.33)
Não admira, pois, que corresse entre
a multidão um frisson de admiração capaz de gerar muitas perguntas: “Não
seria ele o Messias esperado?” Pobre, de origem humilde, proveniente da
periferia de Israel, como explicar que aquele “filho do carpinteiro” agitasse
de tal modo a sociedade de seu tempo?
Aqueles que se dedicam a organizar seminários
para analisar a “liderança de Jesus Cristo” certamente não acharão a resposta
em sua oratória, em sua inteligência humana nem nos seus recursos de neurolinguística.
O que nos atrai em Jesus é, simplesmente, a Verdade. Não só a Verdade
que ele traz do Pai, mas a Verdade que ele é.
Quem faz contato com a Palavra de Jesus Cristo recebe dupla revelação: uma
revelação sobre Deus e uma revelação sobre o homem.
Enquanto a multidão ouve o Rabi da
Galileia, seu coração chega a arder (cf. Lc 24,32). O anúncio que Jesus
comunica arranca as vendas que velavam os olhos humanos. Mesmo falando de
coisas simples e comuns, como as aves do céu ou os lírios dos campos, sua
mensagem estende uma ponte enetre o coração do homem e o coração de Deus...
Agora, sim, sabemos que Deus é
nosso Pai. Agora, enfim, sabemos que somos filhos. Depois disso, a quem iremos
(Jo 6,68), a não ser ao Senhor?
Orai sem cessar: “Guardo no fundo do meu coração a
vossa Palavra!” (Sl
119,11)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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