A Paz esteja convosco! (Lc 24,35-48)
Contra toda expectativa de seus
discípulos, Jesus venceu a morte e ressuscitou. A inesperada notícia já correu
entre os discípulos. Mas eles ainda estão dominados pela apreensão e pelo medo,
trancados no Cenáculo. Eles ainda não têm a Paz. Por isso mesmo, quando Jesus
passa pelas portas fechadas (Jo 20,19) e se manifesta entre os discípulos, o
grupo pensa estar diante de um fantasma. Jesus penetra em seu íntimo e lê
seus corações sofridos, onde ainda pulsam objeções e perturbação. Sabe que
precisa apaziguá-los. E lhes diz: “A paz esteja convosco!”
Desde então, os discípulos de
Jesus aprendem que a Paz não pode ser fabricada, não resulta de esforço humano
puro e simples, acordos internacionais, campanhas de desarmamento. A Paz é dom
de Deus. E em cada missa pediremos que o Cordeiro (a vítima) de Deus nos dê
a paz...
Jesus mostra as marcas da Paixão:
sua carne perfurada nas mãos e nos pés. “Sou
eu mesmo! Tocai-me!” É uma Pessoa real, que fala nossa língua, sente
nossas angústias e – de modo que nossa razão não pode entender – chega a comer
um pedaço de peixe grelhado (v. 42) bem diante de seus olhos!
Foi com espanto que ouviram Jesus
repassar as etapas de sua missão pessoal: sofrer a morte, ressuscitar e dar seu
Nome para pregação da Igreja, que convida à conversão e à experiência do perdão
dos pecados. Os discípulos cumprem aqui um papel intransferível: eles são as testemunhas
de tudo isso!
Assim, o apóstolo João poderá
afirmar de Jesus Cristo: “Este que ouvimos, que vimos com os nossos olhos e nossas
mãos apalparam”. (1Jo 1,1.) E Pedro confirmará em praça pública: “Somos testemunhas
de tudo isso!” (At 2,32.)
Uma última advertência: a missão da
Igreja não se realiza apenas com recursos humanos. É por isso que Jesus renova
aquela promessa: “Eu vou enviar-vos o Prometido de meu Pai. Permanecei
na cidade até que sejais revestidos com o poder do Alto”. Jesus fala do
Espírito Santo, a alma da Igreja, que anima e impele toda a evangelização.
O Papa João Paulo II escreve: “O
Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha
esplendorosamente na missão ad gentes, como se vê na Igreja primitiva
pela conversão de Cornélio (At 10), pelas decisões acerca dos problemas surgidos
(At 15), e pela escolha dos territórios e povos (At 16,6ss)”. (Redemptoris
Missio, 21.)
Minha vida está em paz? Conto com o
Espírito Santo, invocando-o em minhas decisões? Deixo-me guiar por ele em minha
missão cristã?
Orai sem cessar: “Jesus Cristo, Cordeiro de Deus, dai-nos a paz!”
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança

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