8/10/2015 – Quanto mais o Pai do céu! (Lc 11,5-13)
Os pais cuidam bem de seus filhos.
Toda exceção é monstruosa. Para manter os filhos, os pais enfrentam duros
trabalhos e situações penosas. Alguns até migram para buscar o emprego que não
encontram em sua terra. Sacrifícios semelhantes são feitos para custear a
educação da prole, para vestir os seus pequenos.
Quando fui para um colégio interno,
aos dez e meio de idade, vi-me obrigado, pela primeira vez, a trocar o lápis
por uma caneta. Eram “canetas-de-pau”, com pena metálica. Em um furo da
carteira, o tinteiro de louça com a tinta preparada no próprio colégio. Devido
à falta de hábito, minha primeira redação saiu toda borrada e rasurada, pois o
excesso de pressão fazia a pena se abrir e manchar o papel.
Recebi de volta a primeira redação
com uma observação mais ou menos assim: “Boas ideias. Podia ser melhor na
apresentação.” E a nota: sete! Ora, sete, para mim, era uma nota
vergonhosa. Furioso, escrevi para casa: “De que adianta ser filho do Carlos
Santini, que nunca deveu nada a ninguém – frase típica de meu pai – se
não tenho uma caneta decente para escrever?”
Um mês depois, recebo inesperada
visita de meu pai. Tirou do bolso um pequeno embrulho e mo entregou. Abro o
pacote e vejo uma caneta preta, importada, marca Esterbrook, daquelas
que tinham uma bomba para retirar a tinta do vidro. E meu nome estava gravado
na caneta.
Na hora, não pensei nas privações que meus pais teriam
assumido para me dar o presente. Mas hoje, quando vejo a caneta que ainda
mostro em minhas palestras sobre o amor de Deus, percebo que minha confiança no
Pai celeste tem suas raízes na figura providente de meu pai da terra.
Refletindo sobre a casa de Nazaré, percebi também quanto o
jovem Jesus ficou devendo a José, como modelo de homem, como presença
providente, como referência educativa. Foi falando a José que Jesus aprendeu o
nome do Pai do céu: Abbá, paizinho. Com esse nome, Jesus iniciaria cada
uma de suas preces...
Agora, sim, podemos voltar ao Evangelho de hoje e entender
sua mensagem. Se nós, humanos, nada bons, somos assim, quanto mais o nosso Pai
do céu!...
Orai sem
cessar: “Basta
abrires a boca e te satisfarei!” (Sl 81,11)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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