quinta-feira, 19 de novembro de 2015

PALAVRA DE VIDA

 O tempo de tua visitação... (Lc 19,41-44)
           Nosso Deus é um eterno Visitante. Desde que os homens deixaram o Éden e iniciaram sua aventura planeta a fora, a solidão é sua experiência comum. Mas o Criador não abandona sua criatura e, mesmo disfarçado, faz à criatura constantes visitas. Um exemplo clássico foi a visita dos “Três Peregrinos” a Abraão (cf. Gn 18) para anunciar-lhe o nascimento de Isaac e o fim da esterilidade de Sara.

            Neste Evangelho, Jesus chora o destino da Cidade Santa, isto é, ele antevê a destruição de Jerusalém pelas legiões de Tito, filho de Vespasiano, no ano 70 de nossa era. E, como judeu praticante, Jesus não está pensando em algum tipo de vingança (bateu, levou...), mas sofre antecipadamente a dor daquela catástrofe.
            Jerusalém fora visitada. O Filho de Deus, o Messias prometido, pisara as pedras ásperas de suas ruas e rezara no interior de seu Templo. Mas o Visitante não foi acolhido. Ao contrário, acabou rejeitado pelos chefes de Israel e condenado fora dos muros...
            Cada visita de Deus tem sempre um caráter de oportunidade. A visita pode abalar nossas velhas seguranças, ao mesmo tempo que abre novos horizontes até então insuspeitados. E se vivemos imersos nas preocupações de cada dia, na luta pela sobrevivência, na competição da carreira profissional, na rotina de uma posição estável, é bem provável que a visita de Deus nos venha desinstalar.
            Nem sempre, porém, percebemos que era uma visita do Senhor. Parecia apenas uma doença imprevista... uma demissão injusta... um abandono humilhante... No entanto, Deus batia à nossa porta e nos convidava a acolher sua Presença.
            A Palestina da época estava sob dominação romana. No interior do Templo, os sacerdotes ouviam o tacão das botas dos legionários. Apesar disso, o culto prosseguia, as vítimas animais continuavam sendo comerciadas, as moedas dos peregrinos ainda caíam nos cofres dos saduceus. Por isso mesmo, o incômodo profeta da Galileia era uma ameaça para o status quo. Como acolher Jesus e o tal reino que ele anunciava?
            Hoje, em minha vida, Jesus insiste em bater à minha porta. Será bem recebido? Ou também para mim ele é mais uma ameaça do que uma promessa?
Orai sem cessar: “Visita-me, Senhor, com teu auxílio salvador!” (Sl 106,4)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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