sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PALAVRA DE VIDA

Guardava todas as coisas... (Lc 2,16-21)

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           Há duas maneiras de olhar: para fora, para dentro. Estamos escravizados à primeira delas. Com esse olhar “extrovertido”, veremos apenas os pastores de Belém, os detalhes da gruta, o boi e o burro dos presépios infantis. Nossos olhar, viciado pela TV, perdeu a capacidade de olhar “para dentro”.

            A Mãe de Jesus é uma exceção. Maria vê, sem dúvida, os eventos históricos, mas seu olhar se dirige para o interior. Como anotou São Lucas, “Maria guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração”. Não é sem motivo que a Igreja abre o ano litúrgico com esse olhar mariano.
            Sim, diante das maravilhas de Deus, não podemos nos limitar ao evento, deixando de lado o seu sentido. O cinema explora a visão “para fora”: uma arca sobre o dilúvio, trovões no Sinai, o Mar Vermelho cortado ao meio, a ferida na fronte de Golias. Maria, tão diferente, se recolhe e se interroga: “Que nos fala o Senhor a partir de tudo isto?”
            O teólogo Hans Urs von Balthasar nos convida a contemplar Maria. “As palavras simples do Evangelho, repetidas por duas vezes (Lc 2,19.51), sobre Maria guardar tudo em seu coração e meditar, mostram que ela é para toda a Igreja o vaso inesgotável da lembrança e da elucidação. Ele conhece na profundidade máxima todos os eventos e todas as festas do tempo litúrgico que celebramos através de todo o ano.
            É também este o sentido da oração e do Rosário: é com os olhos e o coração de Maria que devemos contemplar e venerar os mistérios de Cristo, para compreendê-los em profundidade, tanto quanto nos é possível. A veneração e a festa do coração de Maria nada têm de sentimental, mas conduz a essa fonte inesgotável da compreensão de todos os mistérios salvíficos de Deus, que interessam ao mundo inteiro e a cada um de nós em particular.
            Situar o ano sob a proteção dessa maternidade significa, enquanto irmãos e irmãs de Jesus e, assim, enquanto filhos de Maria, implorar dela uma constante compreensão para uma caminhada constante no seguimento de Jesus. Tal como a Igreja, da qual Maria é a célula primitiva, ela nos abençoa, não em seu próprio nome, mas em nome de seu Filho, o qual nos abençoa pessoalmente em nome do Pai e no Espírito Santo.”
            Contemplar, guardar no coração, meditar o sentido profundo dos acontecimentos. Um belo programa a realizar este ano, sob o manto de Maria!
Orai sem cessar: “Conservo no coração tuas palavras!” (Sl 119,11)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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