sábado, 13 de fevereiro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Um grande banquete... (Lc 5,27-32)

           A Sagrada Escritura fala mais de banquetes que de jejuns. Lá está Abraão preparando um festim para os Três Visitantes. E mesa farta que Lot oferece aos dois anjos visitantes. Ou o banquete oferecido pela Rainha Ester para a ruína do odioso Haman. A Ceia em que Jesus institui a Eucaristia. E o banquete do fim dos tempos, quando o Senhor, toalha na cintura, servirá pessoalmente a seus eleitos...

Bom sinal! Sinal de otimismo em relação à vida. Em suma, sinal de que a alegria é a nossa vocação e o jejum apenas faça contraponto com o júbilo e o louvor. Não admira que nosso principal sacramento seja celebrado em torno de uma mesa! Irmanados em torno da mesa comum, todos com o mesmo e democrático pedaço de pão, somos convivas do Senhor!
Há fome no mundo. Não algo eventual, como os sete anos de vacas magras que o Egito enfrentou no tempo de José, mas algo sistêmico, que resulta da própria natureza do capitalismo. Neste, o Senhor Mercado (com maiúsculas, pois é o ídolo de plantão!) dita as regras, indiferente à dor e à angústia de uma legião de famintos. Escolhido o lucro como o alvo principal, é impensável baixar o preço do trigo para que todos tenham acesso ao pão.
A partir do Séc. XIX, pelo menos, a sociedade se fez refém dos economistas. É deles o princípio cruel de que, primeiro, é preciso deixar o bolo crescer, para depois reparti-lo aos pobres. Pois não era assim no início da Igreja. Não havia pobres entre eles. Quem possuía bens, vendia tudo e partilhava, para que ninguém ficasse sem o mínimo essencial. Se necessário, recorriam a outras comunidades, tal como fez Paulo, ordenando uma coleta em Corinto em favor dos fiéis de Jerusalém (cf. 2Cor 8).
O magistério da Igreja não se cansa de chamar nossa atenção para os mais pobres. Já no Séc. IV, Basílio de Cesareia dizia: “Se cada um conservasse apenas o que se requer para as suas necessidades correntes e deixasse o supérfluo para os indigentes, a riqueza e a pobreza seriam abolidas.” (Hom. 6)
Hoje, é no mínimo um escândalo a desigualdade material entre os fiéis que participam do mesmo banquete eucarístico: enquanto alguns dissipam grandes valores em viagens e festas, o irmão a quem deram o abraço da paz, antes da comunhão, tem a energia elétrica cortada por falta de pagamento...
Não é este o banquete que Deus sonhou...
Orai sem cessar: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor!”

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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