Tudo o que o Pai tem é meu... (Jo 16,12-15)
Ao celebrar a
Santíssima Trindade, a liturgia nos repete as palavras de Jesus, que afirmam
sua identidade com o Pai e a divina comunhão no Espírito. O Deus solitário dos
mecanicistas cede lugar à família divina, tornada próxima e palpável na pessoa
do Filho que se encarnou.
O monge André Louf
ilumina nossa reflexão: “Talvez tenhamos relegado Deus para muito alto e muito
longe, no ponto culminante da escada dos seres, como um pico nevado e glacial,
a dominar majestoso e solitário uma cadeia de montanhas. E quanto mais ele era
Deus, mais ele nos parecia longínquo e solitário.
Humanamente
falando, isto é, desde que Deus se fez homem, Deus já não é grande, ele se faz
pequenino, escolhe o último lugar. E além disso, Deus não é de modo algum
solitário nem remoto: ele é TRINDADE, plenitude de comunhão, e isto bem perto
de nós, nas fontes de nosso ser, no mais profundo de nosso coração.
Para que seus
discípulos o percebessem, foi necessária toda a vida terrestre de Jesus. Que
Ele não estava sozinho, que outras presenças habitavam no coração de seu
coração, e que no coração de suas noites Ele falava sem cessar com um Outro a
quem ele chamava: “Meu Pai”, bem simplesmente.
‘Eu não estou só,
pois o Pai está sempre comigo.’ (Jo 16,32) ‘O Pai e eu somos um. Quem me vê, vê
o Pai.’ (Jo 14,9) ‘Eu estou no Pai, e o Pai em mim.’ (Jo 16,14) Assim era
Jesus, comunhão, plenitude de amor, partilha total.
Em Jesus e em seu
Amor, Deus se manifestou como TRINDADE. Não somente em Jesus, mas, hoje, também
em nós, pois se sabemos fazer silêncio e escutar nosso coração, nós nos
apercebemos, com o tempo, que também em nós alguma coisa pulsa, como em Jesus.
Que uma vida ali circula, pois – Jesus no-lo lembrou no Evangelho – é em nome
do Pai e do Filho e do Espírito que fomos batizados, ou seja, foi nas próprias
fontes de nosso ser que fomos mergulhados na comunhão do Amor Divino e
Trinitário. E desde aquele instante, como foi o caso de Jesus aqui em baixo, a
Santíssima Trindade caminha conosco, permanece em nós, em nós permanecemos
nela.”
Como bem lembra o
apóstolo Paulo, já não somos estrangeiros em Deus. Desde que o Filho assumiu
nossa carne, nascendo de Mulher, e plantou sua tenda entre nós, tornou-se
impossível a solidão para aqueles que mergulham da própria vida divina. Desde
então, nós somos filhos no Filho.
Orai sem cessar: “Tu
és o meu Filho, eu hoje te gerei...” (Sl 2,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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