domingo, 12 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Teus pecados são perdoados... (Lc 7,36 – 8,3)
           Na mesma frase, como de braços dados, o pecado e o perdão. Para o amor que antes faltou, o amor que agora sobra. Depois do pecado, as lágrimas. Depois das lágrimas, a vida nova...

            De um lado, revestido com a toga gélida da justiça, o fariseu que invoca a lei para segregar e condenar. Do outro, com os olhos ardentes da misericórdia, o Senhor que anula a sentença.
            Neste Evangelho, Jesus narra ao fariseu uma história de dívida perdoada. Basta ouvi-la para saber que temos uma dívida impagável: a dívida do amor. Devedores de Deus, como seríamos cobradores do irmão?
            Como comenta André Louf, “o caminho do amor passa necessariamente pelo caminho da dívida insolvável e do perdão e, em consequência, pelo reconhecimento e confissão do pecado”. Ignorando o próprio pecado, o fariseu jamais experimentara o perdão de Deus, e é por isso que se sente em condições de julgar e condenar. A mulher que invade o banquete dos homens, ao contrário, já fez esta íntima experiência; daí a capacidade de amar que ela demonstra publicamente.
            Prossegue André Louf: “Jesus o proclama claramente: se ela ama a tal ponto, é porque muitos pecados lhe foram perdoados. Paradoxalmente, ela o deve a seus pecados, pois não somente a amor de Deus passa por seu perdão, mas também a qualidade de seu amor depende da grandeza do perdão que foi necessário”.
            Mais de uma vez, em nossos encontros de evangelização, eu pude presenciar o “ciúme” de um homem honesto diante do testemunho de conversão de um pecador. Via-se então uma espécie de revolta alimentada por alguém que julgava não ter cometido grandes pecados, nas também não experimentava tanto amor.
            E aí está o “absurdo paradoxo” do Evangelho: o pecado – em si uma desgraça! – acaba por se tornar a mola que catapulta o pecador nos braços de Cristo e, uma vez perdoado, torna-o capaz de muito amor.
            Como sugere São Paulo (cf. Rm 5,8), o próprio Deus “precisava” de nosso pecado para demonstrar, na História, a imensidade de seu amor nós. Por nós, pecadores... Afinal, como diz o Apóstolo, “onde abundou o pecado, superabundou a graça...” (Rm 5,20)
Orai sem cessar: O Senhor livrou meus olhos das lágrimas...” (Sl 116,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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