A
oração do Pai-Nosso é uma prece altamente comprometedora. Cada vez que a
repetimos, autorizamos Deus a verificar nossa misericórdia antes que ele acione
a dele. “Perdoai-nos como nós perdoamos...”
“Se Deus se
detivesse na justiça, deixaria de ser Deus; seria como todos os homens que
clamam pelo respeito da lei. A justiça por si só não é suficiente, e a
experiência mostra que, limitando-se a apelar para ela, corre-se o risco de a
destruir. Por isso Deus, com a misericórdia e o perdão, passa além da justiça.
Isto não significa
desvalorizar a justiça ou torná-la supérflua. Antes pelo contrário! Quem erra,
deve descontar a pena; só que isto não é o fim, mas o início da conversão,
porque se experimenta a ternura do perdão. Deus não rejeita a justiça. Ele
engloba-a e supera-a num evento superior onde se experimenta o amor, que está na
base duma verdadeira justiça.
Devemos prestar muita
atenção àquilo que escreve Paulo, para não cair no mesmo erro que o apóstolo
censurava nos judeus seus contemporâneos: ‘Por não terem reconhecido a justiça
que vem de Deus e terem procurado estabelecer a sua própria justiça, não se
submeteram à justiça de Deus. É que o fim da Lei é Cristo, para que, deste
modo, a justiça seja concedida a todo o que tem fé’ (Rm 10,3-4).
Esta justiça de Deus é a
misericórdia concedida a todos como graça, em virtude da morte e ressurreição
de Jesus Cristo. Portanto, a Cruz de Cristo é o juízo de Deus sobre todos nós e
sobre o mundo, porque nos oferece a certeza do amor e da vida nova.” (Misericordiae Vultus)
Quando
abriremos nosso coração à misericórdia?
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