domingo, 19 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Quem dizeis que eu sou? (Lc 9,18-24)
           Neste Evangelho, mostra-se à luz do dia o contraste entre a multidão e o discípulo. A turba levanta hipóteses sobre Jesus, mas não o conhece. O discípulo, acima da carne e do sangue, sabe identificar o Mestre.

            Eis a reflexão de André Louf: “Somente aquele que é discípulo conhece a Jesus em sua identidade profunda. O discípulo – isto é, aquele que deixou tudo para segui-lo, que caminha com ele, que vive em sua intimidade e que, como ele, não tem uma pedra onde repousar a cabeça. Só esta proximidade de cada dia, de cada hora, entreabre a porta do conhecimento de Jesus.
            Mas é preciso não se enganar. Bem disse Pedro: o Messias de Deus. E Jesus não recusa essa identidade. Mas Pedro sabe exatamente o que isso significa? Quem esse Messias de Deus? Tão logo ele pronunciou este nome prestigioso, Jesus intervém para proibir que ele seja revelado. ‘Primeiro – acrescenta ele – é preciso que o Filho do homem sofra muito, que ele seja rejeitado pelos anciãos, que seja morto e, ao terceiro dia, ressuscite’.
            Está claro que Pedro não pensava em tudo isto quando saudou Jesus com o nome de Messias. Ao menos por enquanto, ele não o saberia compreender, nem anunciar. Mais tarde ele o compreenderá. Quando o Messias tiver completado sua corrida, quanto tiver atravessado o sofrimento e a morte, quando for elevado sobre a cruz e, através da cruz, o Pai o tiver salvado e revestido de glória.
            Mas será necessário algo a mais por parte de Pedro. Por sua vez, Pedro deverá ter caminhado sobre o mesmo caminho, ter carregado a mesma cruz. Para compreender a Deus, não há outro caminho a não ser Jesus crucificado. E não há outro caminho para compreender Jesus crucificado a não ser a cruz. A cruz só pode ser compreendida pela cruz, isto é, por aquele que a carrega, que a leva, por sua vez, atrás de Jesus.”
            Não é uma pequena conversão, não é um breve trajeto aquele que nos permite abrir mão da imagem sonhada de um Messias glorioso, um Cristo vencedor, de cuja glória participaremos todos. Bem antes, vem o áspero tempo da cruz, a trilha do Calvário, o único lugar onde o Mestre e o discípulo chegam à verdadeira comunhão.
            Sim, há grupos cristãos pregando a felicidade aqui na Terra e o fim de todo sofrimento. Deveriam aprender com Pedro...
Orai sem cessar: Que eu me glorie somente na cruz de Cristo!” (Gl 6,14)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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