domingo, 10 de julho de 2016

PALAVRA DE VIDA

Movido de compaixão... (Lc 10,25-37)

            Em pleno Jubileu da Misericórdia, a parábola do “Bom Samaritano” resume a mensagem central que o Papa Francisco nos apresentou como um desafio de máxima atualidade. Como ele nos recorda, “a mentalidade contemporânea, talvez mais que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da misericórdia. A palavra e o conceito de misericórdia parecem causar mal-estar ao homem, o qual, graças ao enorme desenvolvimento da ciência e da técnica nunca antes verificado na história, se tornou senhor da terra, a subjugou e a dominou (cf. Gn 1,28)”. (Misericordiae Vultus)

            O Evangelho de hoje nos traz a resposta de Jesus à pergunta: “Quem é o meu próximo?” E a resposta vem na atitude do samaritano que cuida do inimigo judeu: meu próximo é aquela pessoa de quem eu me aproximo. Sou eu que faço o meu próximo.
            Um rápido olhar sobre o mundo de hoje revela uma multidão de abandonados, uma legião de feridos em todos os quadrantes: migrantes deslocados à força, pessoas perseguidas por sua fé religiosa, populações famintas, doentes sem assistência médica, crianças sem escola. Essa multidão se identifica com a figura do homem caído, meio morto, na estrada de Jericó.
            Essa multidão constitui um autêntico “grito” da humanidade à espera de alguém que se aproxime e estenda a mão. Talvez pareça mais cômodo atravessar para o outro lado da estrada e seguir o próprio caminho, indiferente a esse grito, se é que a consciência não nos acusa por nossa insensibilidade.
            A alternativa – aquela impelida pelo amor – é a a/proximação. Um movimento de saída de si mesmo na direção do outro. É este movimento que nos humaniza e abre novos horizontes para um mundo de paz. Ao contrário, nossa recusa à aproximação traz como efeitos a petrificação da alma, a mumificação do coração, o fechamento à vida.
            Afinal, mais dia, menos dia, posso ser eu mesmo o homem ferido à beirado caminho. E eu gostaria que alguém se aproximasse de mim e cuidasse de minhas feridas.
            Jesus Cristo – o verdadeiro samaritano – não ficou indiferente à nossa situação. Compadecido da humanidade em trevas, desceu do Pai e veio a nós. Nossa vida foi recuperada por ele ao preço de seu sangue...
Orai sem cessar: “Não devias também tu ter compaixão?” (Mt 18,33)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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