terça-feira, 23 de agosto de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Pérolas finas... (Mt 13,44-46)
            Talvez seja uma questão de bom gosto. Há gente que se contenta com bijouterias. Latão dourado. Artesanato rústico. Contas de plástico. Há outros, porém, que andam em busca de coisas finas...

            Naturalmente, as pessoas podem enganar-se. Sem olho crítico, compram pérolas falsas por verdadeiras. Assim como há gente que ainda se ilude, pensando que muito dinheiro acumulado poderá trazer a felicidade. Gente que imagina viver uma vida feita só de prazeres, sem dificuldades, problemas e cruzes. Gente que arrisca todas as fichas na casa do poder e do mando. Ilusões...
            Mas é bom que elas procurem por algo de valor, mesmo que enganadas. Em todos esses casos, mais cedo ou mais tarde virá a desilusão. Des-ilusão (separando, assim, fica mais evidente aquilo que se experimenta...). Quando o dinheiro não garante a saúde, revela-se sua limitação. Quando os prazeres se tornam fastio, mostram sua efemeridade. Quando o poder torna possesso o poderoso, manifesta a sua loucura. Nesse momento, o coração do homem se voltará para algo que dê sentido à existência.
            É no meio da estrada, durante a caminhada, que tropeçamos em tesouros. Inesperadamente – pura graça! -, damos de cara com as pérolas finas. Então, todo o nosso ser cai por terra, como Saulo na estrada de Damasco, sentindo que estamos em presença do eterno. A simples comparação entre os velhos “tesouros” e esse inesperado dom da graça de Deus mostra a superioridade incomparável da nova descoberta.
            É quando caem por terra, em definitivo, todos os velhos ídolos. A alma mergulha no silêncio da admiração e adora... Enfim, Deus se revela ao homem. Enfim, o homem chega a seu porto. Desse momento em diante, a Luz o invade e ele sabe que está em casa...
            A vida dos santos é uma repetição desse mesmo itinerário. Um soldado como Inácio de Loyola, um “playboy” como Charles de Foucauld, uma intelectual como Edith Stein, todos eles andaram à procura de alguma coisa. Algo “de valor”. Algo que justificasse o fato de existir. Quando caem por terra os nossos ídolos – poder / prazer / saber – resta apenas uma presença definitiva: Deus.
            Ainda seguimos os velhos ídolos? Ainda acumulamos lantejoulas? Quando voltaremos para casa?
Orai sem cessar: “Vistes acaso aquele que meu coração ama?” (Ct 3, 3b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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