Pérolas
finas... (Mt 13,44-46)
Talvez
seja uma questão de bom gosto. Há gente que se contenta com bijouterias. Latão
dourado. Artesanato rústico. Contas de plástico. Há outros, porém, que andam em
busca de coisas finas...
Naturalmente,
as pessoas podem enganar-se. Sem olho crítico, compram pérolas falsas por
verdadeiras. Assim como há gente que ainda se ilude, pensando que muito
dinheiro acumulado poderá trazer a felicidade. Gente que imagina viver uma vida
feita só de prazeres, sem dificuldades, problemas e cruzes. Gente que arrisca
todas as fichas na casa do poder e do mando. Ilusões...
Mas é
bom que elas procurem por algo de valor, mesmo que enganadas. Em todos esses
casos, mais cedo ou mais tarde virá a desilusão. Des-ilusão (separando, assim,
fica mais evidente aquilo que se experimenta...). Quando o dinheiro não garante
a saúde, revela-se sua limitação. Quando os prazeres se tornam fastio, mostram
sua efemeridade. Quando o poder torna possesso o poderoso, manifesta a sua
loucura. Nesse momento, o coração do homem se voltará para algo que dê sentido
à existência.
É no
meio da estrada, durante a caminhada, que tropeçamos em tesouros.
Inesperadamente – pura graça! -, damos de cara com as pérolas finas. Então,
todo o nosso ser cai por terra, como Saulo na estrada de Damasco, sentindo que
estamos em presença do eterno. A simples comparação entre os velhos “tesouros”
e esse inesperado dom da graça de Deus mostra a superioridade incomparável da
nova descoberta.
É
quando caem por terra, em definitivo, todos os velhos ídolos. A alma mergulha
no silêncio da admiração e adora... Enfim, Deus se revela ao homem. Enfim, o
homem chega a seu porto. Desse momento em diante, a Luz o invade e ele sabe que
está em casa...
A
vida dos santos é uma repetição desse mesmo itinerário. Um soldado como Inácio
de Loyola, um “playboy” como Charles de Foucauld, uma intelectual como Edith
Stein, todos eles andaram à procura de alguma coisa. Algo “de valor”. Algo que
justificasse o fato de existir. Quando caem por terra os nossos ídolos – poder
/ prazer / saber – resta apenas uma presença definitiva: Deus.
Ainda
seguimos os velhos ídolos? Ainda acumulamos lantejoulas? Quando voltaremos para
casa?
Orai sem cessar: “Vistes acaso aquele que
meu coração ama?” (Ct 3, 3b)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.
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