Passou a noite a
orar... (Lc 6,12-19)
Jesus Cristo
não era um homem “comum”. Homem verdadeiro, sim, mas também verdadeiro Deus.
Por isso mesmo, somos inclinados a imaginar que, para ele, as coisas fossem
mais fáceis do que são para nós.
Em sua
natureza divina, Jesus de Nazaré teria – imaginamos - uma visão completa da
situação, perceberia logo a saída para os impasses e teria resposta pronta para
todos os problemas. Ledo engano. Ao se encarnar, o Filho de Deus abrira mão,
voluntariamente, de suas prerrogativas divinas: humano como nós, deverá
“crescer” como todo filho do homem. Crescer no físico, no psíquico, no
espiritual.
Por isso
mesmo, não admira que, na iminência de escolher o primeiro grupo de seus
apóstolos, tenha passado em vigília toda uma noite de oração, buscando aquelas
luzes interiores necessárias a toda escolha. Ao recorrer ao Pai, em busca de
luz e entendimento, Jesus manifesta sua total dependência em relação Àquele que
o enviara a este mundo.
Sim, a oração
é sinal de “dependência”. Quem reconhece seus limites de criatura, acode ao
Criador. O filho obediente não age sem antes obter a aprovação do pai. E Jesus
Cristo é esse Filho submisso, obediente aos desígnios do Pai.
Aliás, aqui
mesmo está o nosso grande problema. Nós vivemos cheios de impulsos
personalistas, preferências próprias, gostos pessoais. Pior ainda, ousamos chamar
tudo isso de “inspiração”. Tomamos decisões que determinarão todo o nosso
futuro (casar? / ter filhos? / assumir uma profissão? / mudar de emprego?) sem
um tempo suficiente de oração, discernimento e orientação.
Bem, é que
nós nos sentimos muito seguros, não é? Nós nos bastamos. Confiamos em nosso
taco... Assim sendo, não precisamos rezar, não é? E lá vamos nós por caminhos
tortuosos, dando trombadas e atropelando pessoas, fundamentados apenas em nosso
infalível instinto de... pecadores...
O exemplo de
Jesus deve animar-nos a corrigir diariamente a nossa rota. Abrir mão de nossa
autossuficiência. Reconhecer nossa extrema dependência. Orientar de novo nossa
vida para Deus e buscar as luzes do Espírito Santo. Este Espírito de sabedoria
é quem pode ensinar-nos todas as coisas, mostrar-nos toda a verdade (cf. Jo 16,13).
Quanto tempo
de nosso dia temos dedicado à oração?
Orai sem cessar: “O Senhor preservará teu pé de toda cilada.” (Pr
3,26)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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