segunda-feira, 17 de outubro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Guardai-vos de toda cobiça! (Lc 12,13-21)
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           “A posse nos faz possessos.” É a pura verdade. Os bens possuídos acabam por possuir o possuidor. Exigem todo o seu tempo. Tornam-se o centro de suas atenções. Em resumo, uma autêntica escravidão...

            A questão de fundo é a dependência. Todos sabem o que acontece quando um homem se torna dependente do álcool: a degradação física e moral, a perda dos amigos e da família, a impossibilidade de trabalhar e de ser útil. Dominado pelo álcool, o dependente perde sua liberdade, sua volição.
            Ora, há também uma forma de dependência em relação ao dinheiro, aos bens materiais. Nesta situação, a pessoa vive como se dependesse desses bens. Crê que sua segurança e seu futuro estão neles fundamentados. Em outros termos, o dinheiro passa a ser um ídolo, ocupando aquele pedestal que só caberia a Deus. Um caso de idolatria.
            O pior, porém, é que a cobiça é insaciável, não se detém no meio do caminho. Vazio de Deus, o coração humano vai buscar sempre mais, na insana tentativa de encher seu poço interior com outra coisa que não seja o próprio Deus – o Único que preenche nossos vazios...
            A cobiça nos faz mesquinhos, fecha nossas mãos à caridade e à esmola. A cobiça nos leva a proceder como predadores, explorando os outros para nosso benefício. A cobiça nos pressiona a usurpar os bens dos outros.
            Tão grave é o pecado da cobiça, que o Decálogo reúne uma lista de cinco mandamentos a ela relacionados: não cobiçar a mulher do próximo, não cobiçar as coisas alheias, não roubar, não trabalhar no dia de repouso, não cometer adultério. (Cf. Dt 5,6ss.) Sim, é a cobiça pelo dinheiro que impede alguém de guardar o Dia do Senhor. A cobiça impele o adúltero a tomar posse de outra mulher, além da sua própria esposa: “tudo é meu, tudo me pertence, tenho direito a tudo e a todos!”
            No sistema capitalista a cobiça passa a ser uma virtude: fala-se em gente ativa, competitiva, progressista, locomotivas da economia. A voz de Cristo, no entanto, proclama bem-aventurados os pobres e adverte: “Ai dos ricos!” Deve ser por isso mesmo que o Evangelho e o capitalismo são incompatíveis...
            O cristão usa dos bens materiais sem a se escravizar. Reparte seus bens, pois somos todos irmãos. Não foge de quem lhe estende as mãos vazias. Assim, imita o Pai do Céu, que dá tudo o que possui, sem nada cobrar em troca...
Orai sem cessar: “Israel, põe tua esperança no Senhor!” (Sl 130,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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