quinta-feira, 20 de outubro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Fogo sobre a Terra... (Lc 12,49-53)
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           O simbolismo do fogo sempre acompanhou as manifestações divinas. Foi a sarça em fogo que atraiu Moisés para o encontro com o Senhor Yahweh (cf. Ex 3). A experiência de Deus acende braseiros no coração do adorador, como anotou o salmista: “Meu coração queimava dentro de mim, / ao meditar nisto o fogo se inflamava”. (Sl 39,4) Mais recentemente, São Serafim de Sarov saía de seu tempo de oração despedindo chispas de fogo.

            Na manhã de Pentecostes, quando se cumpriu a promessa do Pai, com a vinda do Espírito Santo sobre o primeiro grupo da Igreja (cf. At 2), o ruído do Vento divino se fez acompanhar de línguas de fogo, “que se repartiram pousaram sobre cada um deles”.
            De que fogo falava Jesus, quando anunciava um incêndio a ser ateado no planeta? Eis a resposta de Urs von Balthasar:
            “O fogo que, no Evangelho, Jesus veio lançar sobre a terra, é o fogo do amor divino que deve envolver os homens. É a partir da cruz, o temido batismo, que ele começará a arder. Mas não são todos – longe disso! – que se deixarão tomar pela exigência absoluta desse fogo, se bem que este amor, que amaria, e assim o poderia, conduzir os homens à unidade, divide-os por causa de sua resistência.
            Mais nítida e inexoravelmente que antes de Cristo, a humanidade se dividirá em dois reinos ou agrupamento de Estados, que Agostinho chama a “Cidade de Deus”, dominada pelo amor, e a “Cidade deste mundo”, dominada pela cobiça.
            Jesus mostra que a divisão corta ao meio os vínculos familiares mais estreitos e, segundo a descrição de São Paulo, passa até mesmo pelo coração, onde a carne luta contra o espírito (cf. Gl 5,17), e o “homem infeliz” não faz o ele desejaria, mas faz aquilo que, no fundo, ele aborrece.
            Portanto, isto não é – nem para Jesus, nem para Paulo – uma trágica fatalidade; é um combate que deve ser mantido até a vitória: o amor e o ódio não são dois princípios igualmente eternos (como o pensavam os maniqueus), mas nós podemos “vencer o mal pelo bem” (Rm 12,21). E é para isto que nós recebemos a graça divina.”
            Afinal, que é um santo, senão uma pessoa que se aproximou de Deus e se deixou queimar?
Orai sem cessar: “Parecia um fogo a queimar-me por dentro...” (Jr 20,9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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