Estás livre! (Lc
13,10-17)
Quando chamamos a Jesus de
“Redentor”, estamos reconhecendo a sua missão de quebrar os elos da corrente,
isto é, seu trabalho de Libertador – termo tão querido pelos teólogos da
América Latina. Redentor é aquele que “redime”, ou seja, “recompra” e
resgata o escravo na praça do mercado, rompendo os grilhões das correntes que o
prendiam e escravizavam.
Quando o próprio Jesus especifica
sua missão neste mundo, nunca falta uma referência à redenção ou libertação.
Assim, em seu primeiro “sermão”, na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,18ss), ele
disse:
“O Espírito do Senhor repousa
sobre mim,
porque me ungiu e me enviou
para anunciar a boa nova aos pobres,
para sarar os contritos de coração,
para anunciar aos cativos a redenção,
aos cegos a restauração da vista,
para pôr em liberdade os cativos,
para publicar o ano da graça do
Senhor.”
Neste Evangelho, comparece à
sinagoga dos judeus uma mulher enferma há 18 anos. O número 18 permite leitura
simbólica: 6 representa o imperfeito, o inacabado (em oposição a 7, a
perfeição). Ora 18 é igual a 6 x 3 (o imperfeito levado ao superlativo). Com a
presença de Jesus, o “perfeito”, é chegada a hora de “completar” a experiência
daquela mulher, libertando-a de seu mal.
Há protestos indiretos contra o
Mestre de Nazaré, pois “trabalhara” no sábado, ao realizar a cura. Jesus traz à
luz a hipocrisia de seus acusadores, estabelecendo um áspero contraste entre a
mulher e as bestas (o boi e o jumento). Se até os animais irracionais merecem
certos cuidados em pleno sábado, por que uma “filha de Abraão” deveria ser
impedida de recobrar a saúde em nome do repouso sabático?
Fica uma lição evidente para nós: o
amor se sobrepõe às normas e aos estatutos. Em nome das regras, pode
esconder-se nossa preguiça e nosso comodismo. E a caridade urge. Não pode
esperar. Jesus certamente pensa nisso quando recorda as palavras de Deus, por
meio do profeta: “Eu quero a misericórdia, não o sacrifício.”
Ainda estamos sem pressa?
Orai
sem cessar: “Consolai, consolai meu povo!” (Is
40,1)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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